Título: Cronologia do massacre
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2006, País, p. A6

14h Começa uma briga no segundo andar do Pavilhão 9, entre os presos Antonio Luís do Nascimento (o Barba) e Luís Tavares de Azevedo (o Coelho). Um está armado com um pedaço de pau, e o outro, com um cano de metal.

14h30 Os feridos são levados para a enfermaria. Os agentes trancam a grade de acesso ao 2° andar.

14h30 Os presos que estão no 2° andar conseguem quebrar o cadeado. Começa a rebelião. Os presos criam três focos de incêndio e queimam os arquivos. 15h O secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, telefona para o então governador Luiz Antonio Fleury Filho. Essa versão é sustentada pelo deputado estadual Elói Pietá . O governador nega a versão. Fleury disse que só foi informado, ¿superficialmente¿, sobre o ocorrido às 18h30.

15h45 Os juízes-corregedores, José Ismael Pedrosa, diretor do presídio, e o coronel Ubiratan Guimarães seguem para o pavilhão 9. O coronel toma o comando da operação sem negociar com os presos.

16h20 Ubiratan conversa por telefone com o secretário Pedro Franco de Campos, que autoriza a invasão para ¿sufocar¿ a rebelião. ¿Você que está no local, avalie e faça o que tem que fazer¿, teria dito Campos.

16h30 Armados com revólveres, metralhadoras, fuzis, punhais e lança-bombas, 362 policiais invadem o pavilhão 9.

17h A Rota invade o primeiro e o segundo andar. Mata todos os ocupantes de 11 celas. No segundo andar, morrem 60% das vítimas do massacre. O Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (COE) ocupa o terceiro andar. O quinto pavimento fica com o Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar.

17h Saem os primeiros carros da polícia, levando PMs feridos. Os presos sobreviventes são retirados de suas celas. Nus e descalços, eles são levados para o pátio. No caminho, atravessam corredores poloneses e são agredidos com cacetetes e facas .

18h Os presos sobreviventes são obrigados a carregar os cadáveres para uma sala no primeiro andar. Muitos que ainda estavam vivos , foram mortos nessa operação durante o ¿transporte¿.

19h Oito presos são levados para um pronto-socorro na Zona Norte de São Paulo, em um carro da polícia. Dois deles saem vivos da Casa de Detenção, mas chegam mortos ao hospital.

23h Pedrosa é o primeiro civil que consegue subir aos andares superiores. Na sala do primeiro andar, são contados 88 mortos. Havia mais dois cadáveres na enfermaria do pavilhão.

24h Somados aos oito do pronto-socorro de Santana, eram 98 mortos.

03/10/92

3h Terminam os trabalhos da perícia. Os mortos são levados para o IML.

7h30Mais 13 mortos são encontrados no pavilhão 9. São 111 mortos e 108 feridos. A polícia só divulgou informações sobre as mortes no dia seguinte.

16h30 Meia hora antes do encerramento das eleições municipais, o secretário Pedro Franco de Campos informa os números do massacre.