Título: Relator no Senado quer manter texto
Autor: Daniel Pereira e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2006, País, p. A2

BRASÍLIA - Apesar da tendência da Câmara de desidratar a chamada minirreforma eleitoral, o relator do projeto no Senado, José Jorge (PFL-PE), diz que o compromisso assumido pelos senadores é de alterar o mínimo possível o texto aprovado pelos deputados. O senador diz que o acerto entre as Casas só não foi ratificado porque os parlamentares não sabem quais emendas serão acatadas ou rejeitadas na votação a ser realizada na próxima semana.

- Os deputados não sabem o que querem. Para eu falar com os líderes dos partidos no Senado, tenho de conhecer primeiro a proposta final - afirma Jorge.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), reconhece que as negociações com os senadores estão paralisadas. Já o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirma estar empenhado nas conversas, mas admite que elas são incipientes e que o projeto da Câmara pode ''subir no telhado''. De autoria do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), o projeto foi apresentado em 18 de agosto do ano passado. No dia seguinte, foi aprovado pelos senadores.

O texto que saiu do Senado era mais rigoroso e encorpado do que o substitutivo em tramitação na Câmara. Previa que partidos e candidatos teriam de prestar contas diariamente na internet sobre os recursos arrecadados e os gastos realizados durante a campanha eleitoral. Seria obrigatório informar os nomes do doadores. O projeto original também reduzia o período de campanha eleitoral de 90 para 60 dias e de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão de 45 para 30 dias. Na tentativa de diminuir a importância dos marqueteiros, estabelecia que os programas de rádio poderiam contar apenas com a participação de candidatos e filiados ao respectivo partido.

Ficariam proibidas as ''gravações externas, montagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais''. O projeto também bania a divulgação de pesquisa eleitoral a partir do 15º dia anterior às eleições.

- A campanha ficará simples e severa. Mas chato mesmo é o Brasil continuar lidando com esquema de caixa dois - declarou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), quando da votação na Casa.