Título: Bush discute narcotráfico e comércio
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2004, Internacional, p. A7

Presidente dos EUA faz visita sob a segurança de 15 mil homens para discutir acordo comercial e futuro do combate às drogas

O presidente dos Estados Unidos, George Bush, realiza hoje uma visita de quatro horas à Colômbia para reafirmar a seu colega Álvaro Uribe o compromisso de Washington com o combate ao terrorismo e às drogas e avaliar o Tratado de Livre-Comércio (TLC) que está sendo negociado entre os dois países.

Procedente do Chile, Bush chega às 11h45 à cidade caribenha de Cartagena (1.100 km ao Norte de Bogotá), onde foi instalado um grande esquema de segurança com 15 mil membros da Polícia, do Exército e da Força Aérea da Colômbia. Os presidentes se reunirão na Casa de Hóspedes Ilustres.

Uribe informou, na sexta-feira, que apresentará duas demandas concretas ao líder americano: apoiar uma segunda fase do Plano Colômbia contra o narcotráfico e os movimentos ilegais e garantir eqüidade, principalmente no setor agrícola, no tratado de livre comércio que os EUA negociam com a Colômbia, o Equador e o Peru.

- É muito importante que fique claro que a estratégia de combate às drogas não pode parar no meio do caminho, deve ser levada a um final feliz - ressaltou Uribe, um fiel aliado de Bush que defendeu firmemente a decisão americana de invadir o Iraque, em março do ano passado.

Washington e Bogotá sustentam que o narcotráfico é a principal fonte de financiamento das guerrilhas esquerdistas e dos paramilitares de extrema-direita que agem no país sul-americano.

Uribe já havia manifestado no início deste ano seu desejo de que o Plano Colômbia seja prolongado, mas logo em seguida o embaixador americano em Bogotá, William Wood, declarou que não haveria tal prorrogação.

É por este motivo que a visita de Bush é considerada crucial por analistas e setores políticos locais, que advertiram que a ajuda à Colômbia - quinto maior destinatário do auxílio externo americano, com US$ 3 bilhões desde 2000 - poderia ser reduzida devido à atual situação fiscal dos EUA.

- Esta reunião é uma excelente oportunidade para estudar a próxima fase do apoio dos Estados Unidos ao Plano Colômbia, e mostrar de que forma Bush e Uribe podem mobilizar para estender este esforço a União Européia e outros governos - opinou Michael Shifter, vice-presidente da organização Diálogo Interamericano.

Segundo a revista El Espectador, a visita de Bush ''não é apenas uma forma de prestigiar a guerra contra o terror travada por Uribe, mas também de avisar indiretamente aos demais países que não esperem mudanças radicais na política dos EUA para a América Latina''.

O embaixador da Colômbia em Washington, Luis Alberto Moreno, revelou ter conversado com Bush à respeito de sua visita, e que o presidente americano ''está convencido de que o Plano Colômbia foi útil, que foi um bom investimento que produziu resultados''.

A ministra de Relações Exteriores colombiana, Carolina Barco, sustentou que a presença de Bush em Cartagena - a quinta reunião bilateral entre os dois dirigentes - ''é uma prova significativa da aliança existente entre os dois países''.

O Plano Colômbia foi elaborado durante o governo do democrata Bill Clinton para a guerra contra as drogas, e ampliado durante a administração Bush para o combate aos movimentos guerrilheiros e paramilitares.

Grande parte da ajuda de Washington é atualmente destinada ao Plano Patriota, considerado a maior ofensiva contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (a guerrilha das Farc) em quatro décadas.