Título: PIB da Argentina cresce mais de 9%
Autor: Ariel Palacios
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2006, Economia & Negócios, p. B11
Dados preliminares apontam o período 2003-2005 como o de maior expansão econômica em 100 anos
Dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) indicam que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) argentino em 2005 teria sido de 9,1% a 9,2%. O índice é superior aos 7% previstos no início do ano pelo governo e pelos analistas. Com os 8,8% de 2003, os 9% de 2004 e o de 2005, a Argentina completa o período de maior crescimento econômico em 100 anos.
Para os analistas, o crescimento em 2006 será de, no mínimo, 3,7% e, no máximo, de 7,5%. A projeção do ex-vice-ministro da Economia Orlando Ferreres é de 6%. O ex-secretário de Programação Econômica Miguel Bein prevê taxa de até 7,9%.
Os analistas mais à esquerda, no entanto, recordam que a desigualdade social ainda é significativa. Segundo eles, os benefícios da expansão econômica não alcançaram amplos setores da população, já que a pobreza ainda atinge 40% dos argentinos - a maior parte são ex-integrantes da classe média arruinados pela recessão de 1998 e pelo colapso financeiro de 2001-2002. E lembram que a inflação acumulada desde janeiro de 2002, de 76,4%, arrasou o poder aquisitivo dos assalariados.
AFTOSA
O governo Néstor Kirchner mostrou-se otimista, ontem, ao avaliar que o surgimento de um foco de aftosa na Província de Corrientes só deve causar queda de 20% nas exportações de carne bovina.
Desde o anúncio oficial do foco, na quarta-feira passada, no município de San Luis del Palmar (a 25 quilômetros da fronteira com o Paraguai e a 200 quilômetros da divisa com o Brasil), 11 países suspenderam total ou parcialmente a compra de carne argentina.
Em 2001, quando o país foi assolado por centenas de focos de aftosa, a queda nas exportações foi de 90%. A pecuária local foi salva pelo grande consumo interno. Em 2003, quando a Argentina voltou a ser declarada "livre de aftosa com vacinação", empreendeu a reconquista dos mercados perdidos.
O secretário de Agricultura, Miguel Campos, rejeita a possibilidade de repetição da catástrofe. Ele calcula perdas de US$ 280 milhões nas exportações. "Esperava-se um impacto maior", argumentou ele. "Não será tão grave como se esperava." Segundo o secretário, um sinal de que o cenário não é tão complicado é que a Rússia (que compra 36% da carne argentina exportada) só vetou a carne de Corrientes.
Lideranças ruralistas, entre elas a poderosa Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa, divergem do governo e calculam as perdas em até US$ 700 milhões.