O Globo, n. 32.300, 12/01/2022. Economia, p. 11

Regra para afastamento do trabalho por Covid será revista
Fernanda Trisotto e Julia Noia


Depois que o Ministério da Saúde anunciou a redução no período de isolamento das pessoas que testaram positivo para o coronavírus, o governo trabalha na revisão de regras para o afastamento do trabalho. Duas portarias preveem hoje que o funcionário com Covid-19 deve ficar fora por 14 dias. Equipes técnicas dos ministérios do Trabalho, Saúde e Agricultura trabalham na revisão de diversos trechos destas portarias, que abrangem medidas de controle e mitigação para a transmissão em ambiente de trabalho. A mudança inclui o período de isolamento.

Segundo a pasta da Economia, esse e outros pontos “estão sendo avaliados tecnicamente para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis”.

Especialistas avaliam que estes documentos, ainda que não tenham força de lei, devem servir para balizar as decisões das empresas em casos de afastamento de funcionários, junto com o atestado médico emitido para cada um.

IMPACTO NO DIA A DIA

O Ministério da Saúde reduziu o período de isolamento para pacientes com Covid-19. Para pessoas assintomáticas, o afastamento mínimo será de cinco dias, caso apresentem um novo teste negativo, ou de sete dias, sem necessidade de fazer novo exame. Já aqueles pacientes que tiverem qualquer tipo de sintoma deverão manter o isolamento de dez dias.

Todos as pessoas, no entanto, devem seguir as recomendações sanitárias — como evitar aglomerações e viagens, usar máscara e higienizar as mãos — até o décimo dia.

O avanço da variante Ômicron e da influenza começa a afetar setores intensivos em mão de obra, como a construção civil e o setor bancário.

Alguns canteiros de obras já registram afastamento de até 30% dos funcionários pelas doenças, de acordo com 30% de funcionários afastados por Covid-19 É o índice já registrado em alguns canteiros de obras, segundo levantamento do setor da construção balanço

preliminar feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Nas estimativas do presidente da Cbic, José Carlos Martins, as empresas do setor devem ter cerca de 15% de trabalhadores contaminados. Apesar do alto número, ele destaca que ainda não há efeitos significativos para o setor:

— Neste momento, não justificaria remontar uma equipe, treinar, preparar e contratar, para logo em seguida (os funcionários afastados) retornarem. Não seria justo nem prático — explica o presidente da Cbic.

Entre os petroleiros, o avanço dos casos de Covid-19 saltou de sete para 15 confirmados nas plataformas em operação na costa, entre 29 de dezembro e 5 de janeiro.

O levantamento é da Federação Única dos Petroleiros (FUP), com base nos últimos dados obtidos junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Acompanhamento da FUP junto a sindicatos associados até ontem registrou 17 casos positivos de petroleiros que desembarcaram para fazer o isolamento, e 30 casos suspeitos, apenas em plataformas na Bacia de Campos, no Norte do Estado do Rio de Janeiro.

Agências bancárias também tiveram que ser fechadas por surtos de Covid-19 entre os profissionais.

Levantamento do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que contempla São Paulo, Osasco e outras 18 cidades da Região Metropolitana, mostra que, desde a última sexta, 150 agências foram fechadas por falta de pessoal suficiente, devido acasos confirmados entre os funcionários.