Título: Um crítico da política econômica
Autor: Samantha Lima e Julia Ribeiro
Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2004, Economia, p. A17

O ministro da Corregedoria Geral da União, Waldir Pires, disse que Celso Furtado não era ''apenas um economista, mas um pensador''. - Na última fala pública de Celso, em Fortaleza, na presença do presidente Lula, não fez críticas específicas, mas foi franco ao comentar alguns aspectos da política econômica que o incomodavam - relembrou.

A deputada Jandira Feghali (PC do B/RJ) lamentou conjuntamente a morte de Celso Furtado e a demissão de Carlos Lessa do BNDES.

- É o desbalanceamento da luta para retomar a nacionalidade que Celso representou como um grande brasileiro.

Mesmo tendo comparecido no dia anterior, Marta Suplicy, que representava o Partido dos Trabalhadores (PT) foi novamente ao velório. Tão logo o padre Fernando Ávila, da ABL, terminou a oração que precedia o fechamento do caixão, a prefeita foi ao microfone anunciar que havia decidido mudar o nome do Viaduto do Morumbi para Viaduto Celso Furtado. Mas foi interrompida pelo presidente da ABL.

- Qualquer declaração deve ser feita no mausoléu, e não neste momento - criticou Ivan Junqueira, publicamente.

No cemitério, o escritor e também membro da ABL João Ubaldo Ribeiro lembrou que costumava sentar-se próximo ao economista nas reuniões da academia.

- Era meu camarada, apesar de sermos de gerações diferentes - comentou.

O presidente da ABL, Ivan Junqueira, afirmou que, mesmo debilitado, Celso Furtado sempre comparecia às reuniões de quinta-feira da academia.

Muito emocionado, o padre Fernando Ávila ainda proferiu algumas palavras antes do sepultamento. Em seguida, o dirigente de uma associação de anistiados políticos, Nílson Venâncio, puxou o Hino da Independência, acompanhado especialmente na estrofe ''Brava gente, brasileira / Longe vá, temor servil / Ou ficar a pátria livre / Ou morrer pelo Brasil''. E comentou que Celso Furtado ''deveria ter sido carregado pelos braços do povo''.