Título: Roriz avisa: comandará sua sucessão
Autor: Rosane Garcia e Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2006, Brasília, p. D3

Apesar da decisão de não disputar uma vaga ao Senado, o governador Joaquim Roriz continuará na vida pública a partir do próximo ano. Ele anunciou, na noite de quarta-feira, a um grupo de banqueiros, representantes de fundos de pensão e empresários, durante jantar na mansão do cientista político Murilo Aragão, no Lago Sul, que criará o Instituto Joaquim Roriz, nos moldes das organizações fundadas pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, dos Estados Unidos. Antes de degustar o jantar, o governador teria ainda se colocado à disposição do PMDB para disputar a Presidência da República, desde que a escolha do seu nome representasse um consenso dentro do partido. Roriz afirmou aos empresários que discorda da realização das prévias, marcadas para 19 de março, que vão decidir quem concorrerá ao Palácio do Planalto.

O governador adiantou também que não votará no ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho ou no colega gaúcho Germano Rigotto, uma vez que não aceita a forma como os correligionários lançaram as suas pré-candidaturas. Para ele, o método usado está errado, pois acredita que a indicação deve ter sustentação em programas e idéias e, além disso, não pode resultar de um desejo individual. A construção de uma candidatura, segundo Roriz, tem de estar respaldada por um grupo.

Racha - Na opinião de Roriz, o PMDB deveria buscar a unidade e colocar ponto final na divisão hoje existente, em que uma ala do partido quer se manter aliada do governo Lula enquanto a outra pretende marcar posição de independência com o lançamento de candidatura própria ao Palácio do Planalto.

Em relação à sucessão no DF, Roriz afirmou que se reunirá com o seu grupo político para discutir o assunto. Assegurou que comandará o processo até o fim, mesmo fora da disputa por uma vaga no Senado. Entre os aliados, há quem diga que o governador está querendo alçar outros vôos. Isso significa que ele não se recusaria a compor uma chapa com o presidente Lula, candidato à reeleição, se a aliança PT e PMDB for confirmada, como deseja a ala do partido que pretende manter apoio ao governo federal.

Roriz, que chegou a ser comparado a Getúlio Vargas pelo tempo em que administra o Distrito Federal, aproveitou para chamar a atenção dos empresários à responsabilidade social que o setor financeiro tem diante da pobreza e miséria.

- De que adianta os senhores acumularem tanta riqueza, se o vizinho ao lado está passando fome - teria dito Roriz, que foi sabatinado por quase duas horas e não se recusou a responder a qualquer pergunta do grupo, interessado em saber sua opinião sobre a conjuntura política nacional e local.

Resultado - Com a fundação do instituto, o governador disse que vai repassar aos administradores públicos a experiência acumulada depois de quatro mandatos à frente do Palácio do Buriti. Segundo ele, o País precisa de obras que resultem na melhoria da qualidade do povo.

Provocado se aceitaria um posto de ministro no governo federal para realizar as obras que o País precisa, Roriz disse que não. O governador rebateu também as afirmações de que estimulou a imigração para Brasília. Garantiu que o fluxo migratório acabou a partir do momento em que erradicou as favelas antes existentes na capital da República. Afirmou que, ao contrário de outras cidades, os empresários não precisam de carros blindados para circular em Brasília.