Título: Segurança particular de Delcídio vai para a cadeia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/02/2006, País, p. A4

A Polícia Federal (PF) prendeu ontem em Campo Grande (MS) Marcos André Ávila de Oliveira, que prestava serviços de segurança pessoal para o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral. Oliveira é apontado como autor da carta com ameaças de morte enviada à casa do senador na noite de terça-feira.

A Justiça Federal do Mato Grosso do Sul está analisando o pedido de prisão temporária do vigilante. Ele confessou ter escrito a carta em depoimento para a Polícia. O vigilante disse para a PF que redigiu a carta com o objetivo de valorizar seu serviço e dessa forma melhorar seu contrato de prestação de serviços de segurança. Na carta, ele ameaça atacar a mulher e as três filhas de Delcídio. Ele negou que as ameaças tivessem alguma ligação política.

Oliveira foi indiciado pelos crimes de injúria, crime praticado contra funcionário público e ameaça. A pena prevista para esses crimes varia de 6 meses a 1 ano de detenção. O vigilante prestava serviços de segurança privada à família do senador há cerca de um ano.

Segundo a PF, a confissão foi obtida depois dos policiais ouvirem depoimentos e cumprirem mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal em Mato Grosso do Sul, no escritório da mulher do segurança e na residência do casal. No escritório, foi apreendido o computador em que os peritos federais encontraram o arquivo com a carta contendo as ameaças. Um assessor do senador encaminhou a carta à Polícia Federal em Campo Grande no final da tarde de ontem.

A carta anônima com ameaças contra a família do presidente da CPI dos Correios foi entregue na quarta-feira. A carta foi recebida pela mulher de Delcídio. O documento, escrito com texto grosseiro, detalhava as rotinas de sua mulher e de suas filhas de 9, 10 e 17 anos.

Assim que leu o conteúdo do documento, Delcídio desconfiou de que a pessoa que escreveu a carta conhecia toda a rotina de sua família. Na carta, o senador, a mulher Maica e às três filhas do casal foram ameaçados.

- Fiquei assustado com isso tudo, mas confesso que estou aliviado em saber que não há ligação nenhuma com adversários políticos - afirmou o senador.

Apesar de demonstrar mais tranquilidade, o senador não descarta totalmente a possibilidade da ameaça ter motivação política:

- A CPI está prestes a entregar o relatório final das investigações e isso vai mexer com muita gente. Ele alegou que fez isso porque queria assumir minha segurança pessoal. Ainda não relaxei, porque acho que pode ter outra pessoa por trás disso.

Não é a primeira vez que parlamentares da CPI dizem receber ameaças, tentativas de intimidação ou espionagem. No início dos trabalhos, o próprio Delcídio relatou que pessoas estariam cercando sua casa e tirando fotografias.

Com agências