Título: Jantar indigesto para Alckmin
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/02/2006, País, p. A4

Um jantar quinta-feira entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e a cúpula tucana azedou o clima do prefeito com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O PSDB ainda não decidiu quem será o candidato do partido ao Planalto. Ambos se apressaram, ontem, em negar o constrangimento. Alckmin disse não se achar desprestigiado por não participar da refeição com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador e presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissatti, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Garantiu que sua vez de sentar-se à mesa com a cúpula do partido chegará e comunicou ter recusado um convite anterior, por falta de tempo.

- O jantar com eles já estava marcado para esta quarta-feira à noite, mas eu tinha compromisso em Santa Catarina. Nos próximos dias, a gente deve estar marcando - esclareceu Alckmin, que participou de cerimônia ontem na Faculdade de Medicina da USP ao lado do vice-presidente da República, José Alencar (PRB).

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virtual e único presidenciável do PT, ascende nas pesquisas eleitorais, o PSDB vive um aparente impasse, sem ter como escolher entre o pré-candidato declarado Geraldo Alckmin e José Serra, que até o momento não assumiu a intenção de disputar a indicação do partido.

O jantar de quinta-feira foi mais um episódio das articulações para eleger o indicado já que, publicamente, os tucanos não consideram a hipótese de fazer eleições prévias para decidir no voto quem vai enfrentar o presidente Lula nas eleições de outubro, a exemplo do PMDB.

O prefeito Serra, que também participou da cerimônia, e admitiu que o tema eleição foi discutido durante a refeição mas evitou detalhar o teor da conversa com os líderes tucanos. Segundo Serra, o governador Alckmin não estava presente porque a cerimônia não tinha sido planejada.

- Não foi secreto nem clandestino. É óbvio que conversamos sobre a eleição, mas esse não foi o único assunto. No jantar do (Alberto) Goldman, não dava para comer porque era interrupção o tempo todo. Então, decidimos comer em algum outro lugar. Estávamos com fome, e assim combinamos - explicou Serra.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), também presente na cerimônia na USP, declarou que o PFL indicará o vice na chapa do PSDB à Presidência. Sem citar nomes, disse que será um pefelista do Nordeste. O cacique evitou declarar apoio a Serra ou a Alckmin, mas criticou a demora dos tucanos em escolher o candidato.

No Rio de Janeiro, o deputado ACM Neto (PFL-BA) desautorizou as declarações do avô. Disse que o partido ainda não fechou a coalizão com o PSDB nas eleições presidenciais deste ano. Admitiu entretanto que a aliança é provável, embora os tucanos precisem primeiro decidir quem será o candidatos.

ACM Neto chegou ontem ao Rio para assistir ao show dos Rolling Stones, hoje, na Praia de Copacabana.