Título: Roriz descarta aliança com PT para ser vice de Lula
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 18/02/2006, Brasília, p. D3

O governador Joaquim Roriz (PMDB) descartou ontem a possibilidade de fazer uma coligação com o PT para disputar o Palácio do Planalto. O seu nome está sendo cogitado par ocupar o cargo de vice-presidente na chapa majoritária. Visivelmente irritado, Roriz negou a aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve concorrer à reeleição e está articulando para conquistar o apoio do PMDB. - Renuncio a minha vida pública ser for para fazer aliança com o PT. Nunca decepcionarei os meus companheiros e eleitores. Afinal, construí ao longo de 20 anos uma militância que não aceita o PT - enfatizou o governador.

O anúncio de que discorda da composição entre PT e PMDB foi feito ontem durante um almoço com 13 deputados da base governista e dois secretários, na casa da nova líder de governo, Eliana Pedrosa (PFL), no Lago Sul. Antes de apreciar os pratos oferecidos pela anfitriã - rabada e frango com quiabo -, o governador também falou sobre a sucessão ao Palácio do Buriti. Roriz sinalizou que apoiará um nome da base de governo e levará em consideração as pesquisas eleitorais.

- Não há hipótese de eu deixar o governo. A decisão é definitiva. Apoiarei um candidato ao GDf, mas não decidir nada agora. Tem partido que possui dois candidatos. Com posso decidir agora se nem o partido decidiu qual é o nome? Tenho de saber também quem é o preferido da cidade - afirmou Roriz.

Escolha - Antes de tomar a decisão sobre quem terá a sua benção, Roriz fez questão de dizer que os cinco pré-candidatos - Maurício Corrêa e Tadeu Filippelli, do PMDB; Maria de Lourdes Abadia, do PSDB; Paulo Octávio e José Roberto Arruda, do PFL - têm condições de governar a capital da República.

O encontro serviu também para aproximar ainda mais a base governista na Câmara Legislativa. Depois de anunciar a mudança na liderança de governo na terça-feira, Roriz quer a apreciação de matérias importantes, como a recomposição do orçamento. O governar disse ainda que a indicação da distrital Anilcéia Machado para a vaga de conselheira do Tribunal de Contas do DF não deveria ser questionada pelo Ministério Público.

- Vim com a intenção de mostrar a Brasília que eu não tenho ressentimento da posição que a Eliana Pedrosa teve anteriormente. Ela hoje é minha líder de governo, vou prestigiá-la em tudo que for possível - afirmou o governo.

Principais trechos da entrevista concedida ontem pelo governador

Alianças nacionais: Eu não apóio o PT em hipótese alguma, sob pena até de renunciar ao meu mandato e deixar a vida pública. Não concordo com o ponto de vista do presidente da República. Por isso, jamais participarei de entendimento dessa ordem. E não adianta achar que vou mudar de posição.

Vida pública: Não vou disputar as eleições deste ano e nem sei qual será o meu destino político. O futuro só a Deus pertence o futuro. Quero agora terminar o meu mandato de quatro anos. Espero produzir em dez meses muito mais do que fiz em oito anos. Não posso deixar uma administração inacabada. Tenho de terminar muitas obras. Assinarei um contrato internacional só para o benefício de Brasília. Como é que eu largo um governo neste momento? Estou pensando na criação do Instituto Joaquim Roriz, a partir de 1° de janeiro.

Campanha: Não quero participar de uma campanha que presumo ser de baixo nível. Uma disputa que vai agredir as pessoas, atacar os adversários. Só penso no meu trabalho e em cuidar dos pobres.

Sucessão ao Buriti: É claro que vou apoiar um candidato que seja da base de governo. Mas só vou declarar o apoio depois das convenções partidárias. Não tenho predileto, mas jamais farei acordo com partido que me fez oposição.

Permanência no GDF: Meu esforço é para fazer a unidade na base de governo, tanto é que deixei de ser candidato a senador, por duas razões fortes: possibilidade de negociação maior para unir todos os pré-candidatos em torno de um único nome e segundo porque muitas obras do governo estão inacabadas.

Desfiliação do PMDB: Não pensei. Só disse que se o PMDB fizer um acordo que eu discorde dele, vou ser contra, mas fico descomprometido com o partido. Não existe a possibilidade de desfiliação do partido. Falei que iria ficar fora do processo apenas.

Presidência da República: Tenho vontade, mas não consigo ser. Todo político gostaria de ser presidente do seu País. Entre ter vontade e conseguir, há uma diferença muito grande. Não vou participar de prévias, porque tenho de reconhecer as minhas limitações.

Rigotto e Garotinho: Acho que os pré-candidatos do PMDB à Presidência da República estão se precipitando. Não apóio nenhum dos dois candidatos que vão disputar as prévias e ficarei com aquele que for vitorioso. Não apóio nem Garotinho nem Rigotto. Não votarei nas prévias. Mas em política tudo é possível. A candidatura nunca deveria ser de autolançamento. A candidatura nasce da vontade do povo. É o povo que elege.

Ministério: Aceitaria, dependendo do governo, o Ministério dos Transportes para construir dois trens-bala. Um ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo e o outro Brasília a Goiânia.

Fernando Henrique: Tenho uma dívida impagável com o Fernando Henrique Cardoso. Afinal foi ele que criou o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Se FHC se candidatar, subirei no seu palanque.