Título: A Casa continua vazia
Autor: Renata Moura, Josie Jeronimo e Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 19/02/2006, País, p. A2

Se a desculpa para o plenário vazio durante a convocação extraordinária era a falta de estímulo para trabalhar nas férias, a Casa agora precisa de outro argumento. Na primeira sexta-feira do ano legislativo, apenas seis deputados estiveram na Câmara. O presidente, Aldo Rebelo (PCdoB), reconhece que a tendência é piorar. Ele admite que até o Carnaval os corredores da Casa permanecerão vazios.

A ausência do quórum mínimo de 51 deputados para a realização de sessões às segundas-feiras e às sextas-feiras retarda a contagem dos prazos para votação, tanto no plenário como no Conselho de Ética, dos processos de cassação dos envolvidos no escândalo do mensalão.

O fim de semana prolongado dos deputados na sexta atingiu o processo contra Pedro Henry (PP-MT). A falta de quórum atrasou em pelo menos um dia a inclusão do recurso de Henry na pauta do plenário. O pedido de cassação do deputado foi rejeitado no Conselho de Ética.

Depois do fracasso das cotas de presença por partido, idéia de Aldo, o presidente da Câmara entregou os pontos. Agendou a votação dos processos de cassação de Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP) só para depois do Carnaval, 8 de março. O líder da oposição, José Carlos Aleluia (PFL-BA), criticou a decisão.

- O presidente da Câmara errou ao não marcar as votações de pedidos de cassação para a próxima semana. Isso acaba incentivando a falta dos deputados. Tem gente querendo desgastar a Câmara para favorecer o Planalto - insinuou.