Título: Corrida dramática contra o tempo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/02/2006, Internacional, p. A16

Várias mensagens de texto de um telefone celular pedindo socorro foram recebidas pelas equipes de resgate filipinas depois do deslizamento de terra que sepultou pelo menos 1.800 pessoas, entre elas 250 escolares e seus professores numa escola da ilha de Leyte.

''Estamos vivos, tirem-nos daqui''. ''Estamos em uma sala, ainda vivos''. Os textos chegaram em torpedos enviados por seis dos professores na noite da sexta-feira, horas depois que a escola primária e o povoado de Guinsaugon, no Sul da ilha de Leyte, foram enterrados. Dois grupos de soldados foram enviados ao local, mas não puderam alcançá-lo antes do dia raiar.

- Ainda tenho esperança - dizia a governadora Rosette Lerias, enquanto as equipes de socorro corriam contra o tempo. Até ontem, 57 pessoas haviam sido salvas. Os esforços se concentravam nas crianças, mães e professores da escola, ao pé do monte Can-Abag. O prédio, recém-construído, estava lotado em função de uma festa pelo Dia da Mulher. Mas a camada de lodo de dez metros de espessura impediu o avanço. Além disso, especialistas viram fissuras novas na face da montanha, um indicativo de instabilidade.

Um dos sobreviventes contou ter sido o primeiro a dar um alerta ao notar que as palmeiras na encosta da montanha começaram a deslizar. Dois minutos depois, tudo veio abaixo. O homem também relatou ter ouvido um som como o de uma explosão. Há informações de que, além da chuva, um tremor de terra ajudou a causar a tragédia.

Os EUA enviaram dois navios e uma equipe da ONU está a caminho. Outras 11 vilas na região foram evacuadas. A presidente das Filipinas, Gloria Arroyo alertou para a possibilidade de novos deslizamentos. O apoio aéreo foi suspenso à tarde por causa do mau tempo.

- Não podemos fazer mais nada - disse Christopher Libaton, um dos sobreviventes - apenas aceitar o que nos aconteceu.

Num momento de alegria, Rosmarie Sibunga, de 6 anos, e Anthony Enso, de 12 meses, foram encontrados exaustos, mas vivos. As crianças foram internadas no hospital de Anahawan, perto da aldeia. Com o corpo cheio de ferimentos, a menina estava em estado de choque.

- Agora só espero que achem minha mulher viva - declarou o pai de Anthony, pouco antes de reencontrar o filho.