Título: Muda tudo no transporte urbano do DF
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 19/02/2006, Brasília, p. D3

O sistema de transportes urbanos do Distrito Federal deverá ser totalmente reformado. Mudará tudo, da circulação de veículos às tarifas. As medidas farão parte do programa Brasília Integrada, que deve sair do papel ainda este ano. Segundo as expectativas da Agência de Infra-estrutura e Desenvolvimento Urbano, o projeto que prevê o desenvolvimento da rede de transporte público e um plano de gestão de segurança de trânsito deve ser apresentado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) até maio. Se aprovado, o programa levará cinco anos para ser totalmente implantado e deverá resolver o problema de transporte urbano no Distrito Federal pelos próximos 25 anos.

O projeto prevê investimentos de cerca de US$ 246 milhões. Desse total, 60% deverá ser pago pelo BID e 40% pelo GDF, como contrapartida.

- Da forma como funciona, o sistema de transporte no DF inibe o deslocamento das pessoas a determinados pontos da cidade. O novo projeto busca maior operacionalidade - analisa o secretário Tadeu Filippelli, da Agência de Infra-estrutura e Desenvolvimento Urbano.

O programa prevê ações em três vertentes: operacionais, intervenções físicas e fortalecimento institucional. As mudanças possibilitarão a integração operacional e tarifária dos meios de transporte que operam no DF.

Pela proposta elaborada pelo GDF em parceria com o BID, o sistema de transporte coletivo passará a funcionar em modelo chamado de tronco-alimentado. Por esse esquema, veículos de maior capacidade circulam continuamente em terminais com grande tráfego de passageiros. Nos locais não atendidos pelo metrô, ônibus deverão circular em pistas adaptadas que lhes garantam a preferência. Linhas de distribuição ou abastecimento ligarão esses troncos às residências dos passageiros.

Nos terminais ou nos pontos da rede, os passageiros poderão trocar de veículo e optar pelo trajeto mais conveniente.

- O projeto alcançe não só a população do DF, mas também a do entorno. Além de melhorar o transporte coletivo vai, obrigatoriamente, organizar o trânsito e melhorar o transporte individual - analisa Filippelli.

Tarifa - O estudo busca também a integração tarifária.

- A possibilidade é que tenhamos o mesmo tíquete para, pelo menos, duas integrações - afirma o secretário.

Filippelli acredita que a tarifa deverá ser o valor mais alto de todos os bilhetes pagos atualmente. Se hoje um passageiro paga um tíquete de R$ 2 e outro de R$ 3 para uma viagem de casa ao trabalho. Passará a comprar apenas um bilhete de R$ 3 para todo o trajeto.

Estuda-se, também, a utilização de validadores nos ônibus. Com isso, o usuário poderá validar o bilhete a cada trajeto e terá um tempo previamente estipulado liberado para completar o trajeto.

Segundo o secretário, esse equipamento também possibilitaria uma redução das perdas das empresas com os passes estudantis e os vale-transportes. Os usuários desses benefícios usariam o sistema de transporte apenas no horário e trajetos previamente determinados. A medida visa a eliminar a evasão de receitas das empresas e, com isso, reduzir o custo das viagens.

Tramitação - O programa vem sendo discutido há dois anos e meio pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e pelo Detran. A Agência de Infra-estrutura e Desenvolvimento Urbano coordena o projeto.

Filippelli espera terminar as discussões técnicas da proposta até maio e, então, apresentar o programa ao BID. Ele calcula que o banco levará dois meses para aprovar o projeto. Após a liberação do banco, a proposta seguirá para o Senado que deverá verificar a capacidade de pagamento do empréstimo e autorizá-lo. Só após o aval do Congresso o programa poderá ser assinado pelo GDF.

Pelas regras do BID, os investimentos previstos no projeto que forem feitos pelo GDF antes da assinatura do contrato poderão ser deduzidos dos 40% que o governo deverá gastar ou, até mesmo, reembolsados.