Título: CPI chama a polícia
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2006, País, p. A2
Hoje, a CPI deve ouvir os representantes dos fundos Funcef e Petros. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) pretende anunciar balanço sobre os investimentos dos fundos durante o pagamento do mensalão. Em 2003 e 2004, segundo o deputado, houve uma concentração dos investimentos dos fundos nos bancos Rural e BMG, que fizeram os empréstimos do mensalão. ACM Neto pediu ajuda da Polícia Federal e do Ministério da Justiça para prender o investidor Lúcio Bolonha Funaro, que faltou ao depoimento.
- Funaro tem que ser preso. Ele não vai sair daqui sem ser indiciado, sem ser enquadrado em meio Código Penal - protestou ACM Neto.
Ontem, a CPI ouviu também a ex-gerente do fundo de pensão Nucleos Fabiana Carnaval Carneiro. Fabiana negou que tivesse sido nomeada pelo ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno. O Nucleos perdeu R$ 28 milhões na época em que o mensalão era pago aos políticos. Uma das corretoras investigadas, a Euro, depositou R$ 100 mil na conta de Renato Paolielo, assessor do deputado Nilton Baiano (PP-ES), conforme antecipou a revista Veja.
Ontem, três corretoras que trabalharam com recursos dos fundos de pensão e geraram prejuízos repassaram à CPI dos Correios informações que detalhariam o esquema de desvio de dinheiro para partidos.
Representantes da Quantia, Quality e Dillon, todas corretoras que operam no mercado financeiro, conversaram reservadamente com deputados que participam da investigação e teriam confirmado desvio de recursos.
Os fundos de pensão fariam investimentos de alto risco por intermédio dessas corretoras. As possíveis perdas de rentabilidade, supostamente deliberadas pelos fundos, seriam partilhadas entre a corretora, em menor porcentagem, e entre políticos, a quem caberia a maior parcela.
De acordo com a investigação feita até agora pela CPI, 14 fundos de pensão tiveram prejuízo de R$ 730 milhões em operações que obedeciam ao mesmo padrão adotado pelas três corretoras.