Título: Garotinho evita Campos de olho nas prévias do PMDB
Autor: Leandro Mazzini
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2006, País, p. A4

O clima de indefinição política em Campos e o medo de uma possível derrota do candidato que apóia, Geraldo Pudim (PMDB), na nova eleição para prefeito em março fizeram o ex-governador do Rio Anthony Garotinho afastar-se da campanha em seu reduto eleitoral. Garotinho trabalha nos bastidores para não perder o poder na cidade, por isso agendou um comício no município para hoje. Mas ele não deseja sair arranhado com outra derrota, desta vez nas novas eleições do dia 12, uma semana antes das prévias do partido para a Presidência da República. - Os secretários não vão se envolver diretamente. O próprio Garotinho decidiu se afastar da campanha - justificou o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer.

Maior cidade do interior do estado, Campos vive clima de batalha por votos depois da saída de Carlos Alberto Campista (PDT), eleito prefeito mas afastado por irregularidades. Pudim, segundo colocado, também ficou inelegível. O cargo foi passado, então, ao presidente da Câmara, Alexandre Mocaiber (PDT). O pedetista acabou lançando-se candidato. Para tentar garantir votos para o aliado Pudim, Garotinho faz um rápido comício hoje e volta dia 10 de março para a última aparição, dois dias antes das eleições. A prioridade, garantiu Mauro Silva, um dos assessores diretos, é consolidar o caminho rumo ao Palácio do Planalto.

- Ele tem a preocupação maior com as prévias do partido. Por isso não está diretamente ligado à campanha municipal. Garotinho está viajando o Brasil todo, e isso lhe toma tempo - reforçou Mauro Silva, ex-secretário de Comunicação do governo Rosinha Matheus.

De olho na prefeitura que conhece bem - com orçamento anual em torno de R$ 1 bilhão - Garotinho incumbiu o irmão Nelson Nahim de alavancar a candidatura de Geraldo Pudim, segundo colocado no pleito de 2004. Com o resultado de uma recente pesquisa em mãos, Nahim se mostrou otimista com os números em comparação com o concorrente direto, o atual prefeito. Garantiu que, mesmo sem o presidenciável no palanque, Pudim tem chances de vitória.

- O Garotinho está muito envolvido numa questão pessoal - adiantou, para explicar o receio do envolvimento do secretariado. - O Christino Áureo (secretário de Agricultura) e o Victer (Energia) vinham por questões da pasta, pelos projetos aqui.

O grupo político evita chamar Garotinho, mas Rosinha, segundo o próprio Nahim, tem sido o contrapeso na balança. Fiel aos eleitores, ela já participou de dois comícios e está aliando a questão administrativa aos projetos em Campos.

Correndo por fora, aparece o tucano Paulo Feijó. Em terceiro lugar na primeira votação, acredita passar ao segundo turno agora:

- Só não ganhei porque (as irregularidades) do PMDB e PDT me tiraram do segundo turno. Fui a maior vítima desse processo.