Título: Lula: peregrinação pelo interior
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2006, País, p. A4
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia a semana centrando fogo em dois pontos destacados com freqüência em seus discursos de pré-campanha: a educação e os benefícios voltados para as classes D e E, em que se concentra a fatia mais fiel de seu eleitorado. Em menos de 48 horas, Lula percorrerá seis estados para fiscalizar obras de extensão em universidades federais. Ontem, a atenção do presidente voltou-se para a proposta de redução de encargos previdenciários dos trabalhadores domésticos para estimular a formalização desse tipo de emprego. Lula parte hoje para uma maratona que inclui Juazeiro (BA), Petrolina (PE), Arapiraca (AL), Parnaíba (PI), Imperatriz (MA) e Marabá (PA).
Cidades onde o governo está concentrando investimentos para seu projeto de interiorização das universidades federais, em um aporte total de R$ 592 milhões - entre recursos do Orçamento deste ano e restos a pagar de 2005 - destinados para a construção de 40 extensões universitárias em todo o país. Em cada município, um palanque à espera do presidente.
- O governante tem que visitar (as obras) para ver se está acontecendo aquilo que ele decidiu fazer. Muitas vezes, ele decide mas as coisas demoram mais do que o previsto - justificou Lula ontem, em seu programa semanal de rádio Café com o presidente.
Mantém, dessa forma, a promessa de continuar a intensa programação de viagens planejadas para este ano, enquanto não se declara candidato à reeleição. Neste ano, o presidente já visitou cidades no Acre, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo. No ano passado, as viagens de Lula somaram 94 municípios.
Uma medida que está sendo discutida dentro do governo é a que pretende reduzir a alíquota paga pelo empregado ao INSS e permite a dedução no Imposto de Renda da contribuição paga pelo empregador, até o limite de um salário mínimo. Essa medida atinge a faixa da população onde Lula tem mais votos e, ao mesmo tempo, atende interesses da classe média, na qual perdeu a força de outros tempos. O impacto fiscal da medida pode atingir a casa dos R$ 3 bilhões, segundo cálculos da Receita.
A proposta faz parte de uma série de pacotes de bondades - todos com acentuado efeito no eleitorado - com lançamento previsto para o primeiro semestre do ano. A idéia é lançar as medidas em datas comemorativas, para intensificar o peso das iniciativas nas urnas. O Dia do Trabalhador Doméstico (27 de abril) e o Dia da Mulher (8 de março) são as datas sugeridas pelo Palácio do Planalto para ser lançado o novo pacote.