Título: Sinal de vida na avalanche filipina
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2006, Internacional, p. A7

Trabalhadores de equipes de resgate na vila de Guinsaugon, nas Filipinas, recusam-se a parar de cavar os mais de 30 m de lama sobre uma escola primária. Eles passaram a noite trabalhando depois que a governadora da província confirmou ter ouvido ''sinais de vida'', quatro dias depois que a avalanche de uma montanha inteira soterrou o vilarejo e matou mais de mil pessoas.

Sons que podem ser de pessoas arranhando e batidas rítmicas foram registrados por sensores sísmicos trazidos pelas forças malaias e americanas.

- É razão mais do que suficiente para ficar feliz - afirmou a governadora de Leyte do Sul, Rosette Lerias.

Os marines americanos estão ansiosos para descobrir a origem dos barulhos.

- Quanto mais cavamos, mais o som fica forte - comemorou o tenente Richard Neikirk.

Sahar Yunos, chefe da Equipe de Resgate de Desastres da Malásia, comparou:

- É exatamente como se alguém estivesse batendo na porta.

Todos estão animados também com o fato de um cão farejador ter parado três vezes no exato ponto de onde ouve-se o ''sinal de vida''.

A esperança de ontem contrasta com o luto dos últimos dias. Desde que Guinsaugon foi coberta pela lama, nenhuma pessoa foi retirada dos escombros com vida. Atualmente, os esforços de resgate estão concentrados em torno da escola onde estavam de 250 a 300 crianças, mais seus professores. Há relatos de que alguns soterrados conseguiram enviar mensagens de texto pelo celular a parentes, logo depois da tragédia, na sexta-feira de manhã.

Não há sinais visíveis do colégio. Os voluntários cavam especialmente em dois pontos. O primeiro é onde o prédio ficava, no sopé da montanha que veio abaixo depois da combinação de chuvas intermitentes e um leve terremoto. O segundo fica a 1,8 km da localização original, para onde acredita-se que a avalanche de lama tenha carregado a escola.

No entanto, na escavação de ontem, não foram encontrados nem corpos nem sobreviventes - embora um relatório do início do dia desse conta de que 50 filipinos haviam sido retirados vivos.

- Há muitos destroços, pedaços de concreto enormes - contou o capitão dos marines, Burrell Parmer. - Em alguns lugares perto do rio, o solo está molhado demais, muito suave. A gente chega a ficar atolado na linha da cintura, se não toma cuidado.