Título: Tudo para agradar as bases
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2006, País, p. A3

A cúpula do PSDB já admite a realização de prévias para escolher o candidato do partido à Presidência da República. O presidente nacional do partido, Tasso Jereissati (CE), disse ontem que as prévias podem acontecer se não houver consenso em torno de um nome único. - Se não houver entendimento, poderemos discutir critérios para alguma disputa - admitiu Tasso depois de almoço com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Participaram também do encontro o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas, Aécio Neves.

Tasso foi o segundo integrante do trio a admitir a possibilidade da realização de prévias - ferramenta defendida por Alckmin para driblar a preferência da cúpula pelo prefeito de São Paulo, José Serra. Ontem, FH também cogitou a realização de prévias.

O senador, no entanto, também mostra que deve utilizar a solução apenas em um caso limite.

- Para mim, vai ser um fracasso pessoal muito grande não conseguir esse entendimento.

A mudança de tom em relação às prévias ocorreu depois de os excluídos do PSDB, liderados pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, criticarem o processo de escolha do candidato tucano. Perillo disse que a escolha não poderia ficar na mão de poucos.

Apesar de admitir as prévias, Tasso disse que continuará buscando um entendimento entre Alckmin e José Serra.

- O problema é que queremos chegar a um entendimento que abranja perfeitamente os dois.

Segundo ele, a cúpula continuará reunindo-se com Alckmin e Serra para chegar à decisão.

- Esse entendimento passa por uma série de conversas que continuarão a acontecer entre nós, dirigentes do partido, o governador Alckmin e o prefeito Serra. Tasso marcou uma data para encerrar a pendenga: a primeira quinzena de março.

O encontro de ontem foi marcado depois do mal-estar gerado pelo jantar da semana passada entre a cúpula e Serra num restaurante de São Paulo. FH, Tasso e Aécio abandonaram um evento de confraternização do PSDB para se reunirem a sós com Serra. Alckmin ficou de fora.

Apesar da preferência do trio pelo prefeito Serra, a insistência de Alckmin em disputar as eleições cria um impasse no processo de decisão.

Como o governador não abre de vontade própria caminho para Serra, a cúpula vê-se numa situação delicada. Essa situação fez Tasso repetir várias vezes que não pediu a Alckmin que desistisse da candidatura:

- Em momento algum houve pedido nem passou pela cabeça de ninguém, de longe sequer.

Depois da reunião, Alckmin abrandou o tom:

- Não precisa resolver já, nem passará de março.