Título: Mendes assume TSE
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2006, País, p. A5

Ao assumir ontem à noite a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal federal (STF), considerou ''extremamente grave'' o aparelhamento das estruturas estatais para fins político-partidários e a apropriação de recursos públicos para o financiamento de partidos políticos.

- No ano passado, o país mergulhou numa das maiores crises éticas e políticas de sua história republicana. Crise esta que revelou algumas das graves mazelas do sistema partidário brasileiro, e que torna imperiosa a sua imediata revisão - discursou o ministro.

Compareceram à posse o vice-presidente José Alencar, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente do Supremo, Nelson Jobim, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Gilmar Mendes deve ficar na presidência do TSE somente até maio. Com a já confirmada aposentadoria do ministro Nelson Jobim, o STF será presidido pela ministra Ellen Gracie e - pelo mesmo sistema de rodízio por antiguidade - Mendes assumirá a vice-presidência do Supremo.

O ministro Marco Aurélio, que foi empossado ontem como vice-presidente do TSE, será eleito formalmente presidente do Tribunal Eleitoral, e vai ser o principal responsável pela administração e fiscalização das eleições.

Em um discurso de meia hora, Gilmar Mendes fez um histórico da evolução do sistema político-eleitoral do país. Lembrou que o antecessor, o ministro Carlos Velloso, anteviu ''a crise ética e política'' do país caso as reformas eleitorais não fossem implementadas.

O novo presidente do TSE ressaltou que se os sistemas eletrônicos de votação e apuração eliminaram de vez a fraude na totalização dos votos. Ressaltou, porém, que é necessário aprimorar o meios de identificação do eleitor pela mesa receptora. Segundo Mendes, a crise tornou ''evidente para todos'' a necessidade de um novo sistema de controle do financiamento dos partidos e de gastos eleitorais.

- Da perspectiva da Justiça eleitoral afigura-se necessário proceder à adequada fiscalização do financiamento dos partidos e das campanhas - disse.