Título: Uribe intervém no Exército
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2006, Internacional, p. A13

O presidente Álvaro Uribe nomeou o general Mario Montoya como novo comandante do Exército, em substituição a Reinaldo Castellanos. Até ontem, o oficial era o chefe militar de uma vasta região no Norte da Colômbia e tem ampla experiência na luta antiguerrilha.

- Vamos tomar as medidas corretivas correspondentes. Esta vergonha não pode voltara a acontecer - disse Montoya, ao assumir o cargo.

A investigação interna começou no início de fevereiro. Entre os dias 2 e 6, os soldados torturados passaram por exames de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal do município de Mariquita. De acordo com a avaliação médica, vários dos recrutas terão lesões físicas permanentes.

Sob o comando de Castellano, desde novembro de 2004, o Exército sofreu várias investidas das Farc. A mais recente e violenta foi a emboscada no Sul do país, em dezembro, na qual foram executados 29 soldados. Foi o incidente mais sangrento desde que Uribe chegou ao poder, em 2002.

Em toda sua gestão, o líder assumiu um política dura contra os grupos armados e, por divergências quanto à condução da estratégia militar, mudou de posto mais de 30 generais. O último aviso à cúpula militar foi dado em dezembro, quando reiterou a necessidade de os oficiais ''contarem as coisas como aconteceram''. Foi uma conseqüência à falha de comandantes que apresentaram a libertação de um grupo de seqüestrados como ''pressão militar sobre a guerrilha''. Mais tarde descobriu-se que as Farc haviam liberado os reféns por livre e espontânea vontade.

Em abril, o mandatário já havia dado uma demonstração de força ao passar para a reforma quatro generais da alta cúpula do Exército. Eles se opuseram a uma mudança na estratégia que implicava na criação de comandos conjuntos. Além disso, em três anos, Uribe pediu a baixa de 26 generais por falhas em operações.