Título: Seis por meia dúzia
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2006, Economia & Negócios, p. A17

O aumento dos preços do álcool nas últimas semanas vai sair mais caro para o motorista que abastece o carro com gasolina. Para conter a escalada do derivado da cana-de-açúcar, que já subiu 1,5% em fevereiro, o governo vai reduzir o percentual de álcool anidro na composição da gasolina vendida nos postos do país - de 25% para 20%. Como o litro do derivado do petróleo custa mais caro, o produto final, segundo o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, subirá cerca de 2%.

- A gasolina não aumentará, o que subirá é a mistura final, que pode ter um reflexo na proporção direta de 25% para 20%, que pode ser alguma coisa da ordem de 1% ou 2% - justificou Rondeau.

O álcool é uma das bandeiras mais fortes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comércio exterior. O Brasil já negocia a venda do combustível a sete países: Japão, Estados Unidos, Venezuela, Paraguai, China, Índia e Coréia do Sul. E, segundo adiantou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, recentemente, até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar projetos de expansão do álcool na América Latina.

Segundo Rondeau, a redução do anidro na gasolina vai reduzir a demanda de álcool em cerca de 100 milhões de litros mensais, volume que terá que ser substituído por gasolina. A preocupação do governo, diz Rondeau, é garantir o abastecimento de álcool no país.

Na segunda-feira, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que o álcool vendido direto nos postos (hidratado) havia subido pela quarta semana consecutiva, alta de 1%. Na mesma semana, a gasolina havia subido 0,19%, apesar do acordo firmado entre governo e usineiros para a fixação do preço do álcool anidro (adicionado à gasolina) em R$ 1,05.

Segundo Rondeau, a redução era uma medida que já havia sido cogitada em janeiro, quando foi fixado o teto de preço com os usineiros, mas o governo preferiu aguardar uma tentativa de controle do setor. O consumo atual de álcool anidro é de 500 milhões de litros por mês, misturados a 1,5 bilhão de litros de gasolina. A resolução, que deverá ser publicada até amanhã, passará a valer imediatamente e por tempo indeterminado. Desta forma, no início da safra, quando a oferta do produto subir, o assunto deverá ser rediscutido no governo, que irá avaliar o mercado antes de restabelecer a mistura. Paralelamente, o governo também pode reduzir a zero a alíquota do imposto de importação do álcool e baixar a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), de R$ 0,28 por litro para R$ 0,25.

Ontem mesmo o governo recebeu a resposta dos usineiros. O presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, disse que o setor vai abandonar os termos acordados em janeiro.

- O preço do álcool combustível é de até US$ 580 por metro cúbico, o equivalente a R$ 1,15 por litro - disse.

Com agências