Título: Investigação aponta novos suspeitos
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2006, Rio, p. A9

Os desdobramentos da Operação Azahar, deflagrada no Brasil e em mais 29 países, terça-feira, para investigar pedofilia, deverão resultar na prisão de mais de 30 pessoas no país, segundo as primeiras investigações da Polícia Federal (PF). Nas análises iniciais feitas ontem, por investigadores e peritos, constatou-se a existência de farto material de pornografia infantil no computador do jovem de 17 anos que morreu na terça-feira, ao se jogar da janela de seu apartamento, no Maracanã, na Zona Norte. A morte ocorreu enquanto agentes da PF analisavam computadores na residência do rapaz. As mais de 30 prisões no Brasil deverão ser feitas no Rio e em outros dez estados. Entre os locais investigados, segundo agentes da PF, estão condomínios de luxo em várias cidades. A PF, agora, está cruzando os dados para checar se o material relativo à pedofilia era utilizado por mais de uma pessoa em cada um dos 34 endereços que foram alvos de busca e apreensão terça-feira.

No Rio, a PF informou que abriu um inquérito para apurar a morte do rapaz de 17 anos no Maracanã. Ontem, após ver imagens no computador do adolescente, as suspeitas de participação dele na rede de pedofilia aumentaram. As imagens já foram enviadas para a Justiça Federal no Rio. Alguns policiais que viram as imagens ficaram surpresos. De acordo com eles, o adolescente aparece em algumas imagens.

- São cenas muito pesadas - afirmou um dos investigadores.

O jovem foi enterrado ontem de manhã, no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Apenas nove pessoas, entre parentes e amigos, acompanharam o enterro. Os pais novamente não quiseram comentar o caso, alegando que nem todos da família, como os avôs, sabiam da morte do rapaz.

A Operação Azahar foi iniciada ano passado simultaneamente em 30 países, sob a coordenação da polícia da Espanha. Num balanço preliminar, as autoridades espanholas informaram que as ações foram bem-sucedidas em termos de número de prisões e de material arrecadado.

Só na Espanha foram realizadas 27 buscas e apreensões, que resultaram em 22 prisões. Na França, foram 20 prisões. Até ontem à tarde, tinham sido registradas 15 prisões na Polônia, quatro em Israel, quatro na Lituânia, duas na Bélgica, uma no Reino Unido e outra em Portugal.

- O balanço é muito positivo - disse uma autoridade do governo brasileiro que acompanhou as ações.

No Brasil, segundo o superintendente da PF no Rio, José Milton Rodrigues, as prisões ainda serão feitas. A PF ainda aguarda o resultado da perícia, que trabalha na identificação, através dos computadores apreendidos, das pessoas que enviavam material de pedofilia pela internet.

Com Ana Paula Verly