Título: Unidade nacional ameaçada
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2006, Internacional, p. A13
O presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, acusou os terroristas que explodiram o domo da mesquita xiita em Samarra de estarem tentando minar as negociações para a formação de uma coalizão de unidade nacional.
Depois das eleições legislativas de 15 de dezembro, os Estados Unidos estão pressionando os líderes xiitas a incluir sunitas - tradicionalmente ligados a Saddam Husssein - no governo.
- Não sejam radicais ao tratar do ataque, nem para defender, nem para criticar - pediu Talabani aos líderes religiosos e políticos.
O líder lembrou ainda que ''a conspiração entre o povo iraquiano é um embate entre irmãos'':
- Temos de trabalhar contra este perigo de guerra civil. Esta é ameaça mais atroz, porque pode jogar o país em um confronto bélico.
O primeiro-ministro Ibrahim al Jaafari chamou os iraquianos a renunciar ao terror e e os líderes muçulmanos e cristãos no exterior a ''redobrar os esforços para ajudar o governo de Bagdá a impedir estes sabotadores''. Jaafari declarou três dias de luto oficial e enviou autoridades a Samarra, para acompanhar a investigação.
Abdul Aziz al Hakim, um proeminente político xiita, também apelou à calma entre os iraquianos. Mas ressaltou que a recente pressão dos EUA sobre o governo encorajou o ataque ao santuário:
- Os americanos deram sinal verde para que esses terroristas compusessem o governo. Agora, têm de assumir a responsabilidade.
O presidente George Bush, no entanto, recusou-se a se afastar de Bagdá.
- Vamos reconstruir a Mesquita Dourada em toda sua antiga glória - disse.