Título: Bradesco lucra R$ 5,5 bi em 2005
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 23/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Durou apenas um dia o recorde obtido pelo Itaú ao lucrar R$ 5,2 bilhões em 2005 - até terça-feira passada, o maior ganho do sistema bancário brasileiro. O Bradesco divulgou ontem ter amealhado R$ 5,5 bilhões no período, alta de 83% em relação a 2004. Mais uma vez, puxaram o resultado a expansão do crédito e as altas taxas de juros, que elevaram os ganhos em títulos públicos. Segundo a consultoria Economática, o lucro da instituição é o maior entre todos os bancos de capital aberto da América Latina.

- O lucro que obtivemos é fruto da carteira de crédito, consolidação da segmentação da base de clientes e melhora do resultado no segmento de seguros e o forte controle de custos - avalia o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano.

Com avanço de 29% (de R$ 64 bi para R$ 81 bi), a carteira de crédito proporcionou lucro de R$ 1,7 bilhão, o equivalente a 32% do resultado. No segmento de pessoa física, a expansão foi de 57% (de R$ 21 bi para R$ 33 bi), puxada pelo crédito consignado e pelas parcerias com lojas de varejo. O financiamento ao consumo levou a maior parte dos recursos - R$ 27 bi, metade destinada à compra de veículos. Puxado pelas operações com desconto em folha, o crédito consignado avançou 107%, de R$ 4 bi para R$ 8,4 bi.

A receita com cobrança de tarifas cresceu de R$ 5,8 bilhões para R$ 7,3 bilhões, alta de 26,2%. O lucro com essa atividade, porém, cresceu 80%, de R$ 795 milhões em 2004 para R$ 1,43 bilhão.

Apesar do ritmo vertiginoso de crescimento do crédito, houve perda de espaço para atesouraria - carteira de títulos públicos - em termos de contribuição para o lucro do banco. A carteira de financiamentos, que participou com 33% do resultado em 2004, caiu um ponto percentual, ao mesmo tempo em que a remuneração proporcionada por títulos e valores mobiliários - segmento em que se incluem esses papéis - avançou um ponto, para 13%.

O Bradesco alegou que a forte concentração de posições em títulos se deve a uma estratégia de proteção de um passivo em moeda estrangeira da ordem de R$ 2,8 bilhões e às operações relativas à seguradora. A instituição reconheceu, porém, o efeito da taxa de juros em alta sobre o resultado, já que a remuneração da maioria dos títulos públicos emitidos acompanha a taxa Selic.

A carteira seguradora proporcionou lucro de R$ 1,6 bilhão, alta de 80% em relação a 2004. Segundo Cypriano, o resultado se deve ''ao alto controle de custos no segmento''.

Em 2005, o patrimônio líquido do banco evoluiu de R$ 15,2 bi para R$ 19,4 bi, alta de 27,6%. Para 2006, Cypriano espera que o crédito continue liderando os resultados da instituição.

- Se a economia crescer 3,2%, como projetamos, as operações de crédito terão expansão de 25% no período.