Título: Barreira à gripe do frango
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2006, Economia & Negócios, p. A18

O governo brasileiro tomou ontem as primeiras medidas para manter o território nacional fora do alcance da gripe aviária. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão das importações de aves provenientes de países que tenham registrado casos da doença.

A decisão não deve ter impacto expressivo na pauta de importações do país, já que o volume de derivados de aves comprado pelo Brasil é muito pequeno.

A medida protege inclusive a pauta exportadora brasileira, já que o país é o maior exportador mundial de carne de frango, com 2,762 milhões de toneladas em 2005, que renderam US$ 3,5 bi. A criação da barreira tem como objetivo evitar que a doença surja no país, impedindo, assim, que se repita o caso do aparecimento da febre aftosa em bovinos nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, que resultou em embargos à carne brasileira em 56 países.

Desde ontem está proibida a importação e a comercialização de carcaças inteiras, cortes, miúdos, produtos industrializados, ovos e penas de aves dos países atingidos pela doença. Nos últimos meses, a gripe do frango tem se alastrado rapidamente e o vírus H5N1 já foi encontrado em mais de 25 países da Europa, Ásia e África.

A resolução da Anvisa estabelece que as importações estarão automaticamente suspensas sempre que o site da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) comunicar oficialmente a ocorrência da doença em um determinado país.

Ficam excluídas da proibição de importação apenas os derivados de aves que tenham sido submetidos a algum tipo de tratamento que elimine o vírus da gripe aviária. Já importações de amostras biológicas de aves deverão submeter-se a desembaraço aduaneiro.

Mas o esforço do governo pode ser em vão. Ontem, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, afirmou ser ''bobagem'' dizer que se pode impedir a chegada do vírus da gripe aviária ao Brasil. De acordo com ele, o fato de quase não importarmos aves e derivados nos deixa em uma situação confortável. De qualquer forma, o governo tenta se preparar para a possível entrada da doença no Brasil.

- Estamos trabalhando para produzir 20 mil doses de vacina contra o vírus. O nosso maior desafio está em acompanhar as mutações que o H5N1 vai sofrendo ao longo do tempo - revelou Saraiva Felipe.