Título: Recompra de 'bradies' derruba risco
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 24/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

O Tesouro Nacional confirmou ontem a intenção de resgatar, antes do vencimento, US$ 6,46 bilhões de ''bradies'' - títulos associados à reestruturação da dívida externa ocorrida em 1994, no chamado Plano Brady. A compra antecipada liquida o estoque desses títulos e deve ocorrer até o próximo 15 de abril, com recursos provenientes das reservas internacionais brasileiras. A economia resultante com pagamento de juros será de US$ 345 milhões, segundo informou o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.

Ele explicou que a medida foi tomada ''para aproveitar o bom momento internacional e diante dos resultados da política econômica brasileira, que deu ao Banco Central a possibilidade de comprar dólares - fazendo com que as reservas internacionais atingissem os US$ 57 bilhões - e usar esses recursos da melhor forma''.

O secretário ressaltou que essa medida ''vira a página dos anos 80 e consolida a mudança estrutural que estamos realizando nos últimos anos''.

Com isso, a relação dívida externa/PIB, que era de 35% em 2004, ficará abaixo de 27% e a dívida líquida será inferior a 20% do PIB. A notícia causou efeito imediato no mercado. No horário do fechamento do mercado brasileiro, o risco marcava 223 pontos, no mais baixo patamar da história. A Bovespa subiu 0,42%, aos 38.395 pontos.

Depois da Argentina, ontem foi a vez de o México anunciar o pagamento antecipado de suas dívidas, nos moldes como vem fazendo o Brasil. O país vai lançar oferta para recomprar títulos da dívida externa em moeda estrangeira no total de US$ 30 bilhões.

Se o dólar baixo vem provocando efeito benéfico nas contas do governo, no balanço do Banco Central causou prejuízo de R$ 10,455 bilhões em 2005. As perdas foram cobertas pelo Tesouro, que repassou R$ 12,953 bilhões em títulos públicos ao BC. Em 2004, o BC havia apurado um lucro de R$ 2,710 bilhões. O prejuízo do ano passado refletiu o impacto que a queda do dólar teve sobre as aplicações cambiais da instituição, especialmente nas reservas internacionais.