Título: A influência de Sadr
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/02/2006, Internacional, p. A13

O clérigo radical Moqtada al-Sadr já foi chamado de campeão dos pobres, rei e assassino. Mas agora, na pior crise do Iraque desde a invasão americana, o líder, no controle dos militantes xiitas, desponta como o único que pode acabar com a onda de violência no país.

A polícia iraquiana acusou membros do Exército de Mehdi, a milícia de Sadr, de atacar mesquitas e residências sunitas depois do atentado à Mesquita Dourada, templo xiita em Samarra, ao Norte de Bagdá. A explosão deslanchou o conflito religioso que ameaça levar o país a uma guerra civil.

Apesar de Sadr e seus aliados terem negado a ordem de qualquer violência, a rápida aparição de seus homens no Centro da capital logo após a explosão em Samarra mostrou que ele é uma força com que se pode contar enquanto líderes do governo iraquiano se esforçam para acalmar os enfrentamentos sectários.

A combinação de uma retórica conciliatória com o braço paramilitar pode ampliar sua influência nas negociações para a formação de um novo governo, baseado na unidade nacional. O clérigo já exerce poderes em Bagdá através do primeiro-ministro Ibrahim Al Jafaari.

Durante as orações de ontem, Sadr pediu a seus seguidores, num comunicado, que não ataquem os sunitas ou seus templos. O clérigo herdou o poder de seu pai, um respeitado líder religioso que acredita-se ter sido morto por agentes do ex-ditador Saddam Hussein.

O xiita ganhou popularidade ao servir aos mais pobre, criando uma rede de apoio. Por isso, lidar com Sadr poderá ser uma tarefa difícil para o governo iraquiano, se a crise aumentar nos próximos dias.