Título: Rolagem da dívida custa R$ 18 bi
Autor: Fernanda Rocha e Eduardo Campos
Fonte: Jornal do Brasil, 25/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Relatório do Banco Central divulgado ontem revela que o governo economizou menos em janeiro. O setor público amargou pagamento recorde de juros e ainda registrou déficit nominal no mês passado. Para o BC, o menor resultado do superávit primário (receitas menos despesas, exceto juros) foi determinado pelo menor volume de dividendos das estatais, pelo resultado do INSS e pelo pagamento de precatórios. O superávit primário ficou em R$ 3,066 bilhões, abaixo da média registrada nos últimos meses de janeiro. Em 2005, o resultado foi de R$ 11,373 bilhões e, em 2004, de R$ 6,95 bilhões. O chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes, admitiu que o resultado foi inferior à média. No mês, o governo central teve superávit de R$ 3,3 bilhões e os governos regionais apresentaram resultado positivo de R$ 2,6 bilhões. Por outro lado, as estatais tiveram déficit de R$ 2,9 bilhões.

Lopes explicou que o valor foi diretamente influenciado pelo resultado financeiro das estatais, mesmo com a distribuição de R$ 2,1 bilhões em dividendos, dos quais R$ 700 milhões foram para o caixa do Tesouro - o restante foi para investidores. Ele também atribuiu o resultado aos números negativos do INSS. Segundo Lopes, a Previdência foi mais deficitária que o esperado no mês passado, ainda por conta do aumento do salário mínimo e do maior número de benefícios pagos.

No acumulado de 12 meses até janeiro, o superávit primário é de R$ 85,2 bilhões. O montante, equivalente a 4,37% do PIB, é inferior aos R$ 93,5 bilhões (4,84% do PIB) registrados até dezembro de 2005.

Janeiro terminou com outros recordes negativos. O déficit nominal do setor público foi de R$ 14,861 bilhões, pior resultado para o mês desde o início da série histórica do BC, em 1991. Em janeiro de 2005, por exemplo, a necessidade de financiamento do setor público ficou em apenas R$ 902 milhões, contra R$ 4,017 bilhões em 2004.

No mês passado, o governo desembolsou R$ 17,928 bilhões em juros nominais, o maior valor já registrado para um mês de janeiro. O valor é 46,1% maior do que em janeiro de 2005, quando atingiu R$ 12,275 bilhões. No mesmo mês de 2004, os juros totalizaram R$ 10,967 bilhões. De acordo com Lopes, parte do salto pode ser explicado pelas operações de swap cambial, que custaram R$ 1,8 bilhão.