Título: Mais espaço para redução de taxas de juros
Autor: Fernanda Rocha e Eduardo Campos
Fonte: Jornal do Brasil, 25/02/2006, Economia & Negócios, p. A19

Às vésperas da segunda reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 7 e 8 de março, especialistas analisam que o fraco crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto em 2005 pode influenciar a queda da taxa básica de juros (Selic).

- A aposta majoritária do mercado é de nova redução de 0,75 ponto percentual, mas não ficaria surpreso com um corte de até um ponto percentual - afirma o economista-chefe da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa.

Para ele, os fatores que podem ajudar na aceleração da queda dos juros são as boas perspectivas em relação à inflação, principalmente com o câmbio favorável, e a queda do risco país.

- Isso indica a possibilidade de o governo se arriscar um pouco mais no relaxamento da política monetária e conseqüentemente na redução da taxa de juros - acredita.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, um dos maiores entraves ao crescimento é a elevada taxa de juros, a maior do planeta, hoje em 17,25% ao ano.

- Temos também a valorização do real, que não é questão estritamente brasileira, mas acarretará resultados negativos, caso outras medidas não sejam adotadas - alerta.

De acordo com Agostini, o fraco crescimento do PIB abre espaço para cortes mais acentuados na taxa de juros. Considerando ainda o cenário internacional, favorável ao financiamento da economia brasileira, e a inflação alinhada com a meta perseguida pelo Banco Central este ano, cresce a certeza de que o Copom tem à disposição ferramentas para reduzir com segurança a Selic. O economista-chefe da Austin acredita que o BC realizará um corte de 1 ponto percentual.

- Não realizar este corte é manter o conservadorismo ante uma situação muito negativa. É olhar para este PIB e ignorar a situação, não só para o PIB, mas também ignorar a inflação, que está completamente comportada - avalia.

A consultoria mantém sua projeção de crescimento do PIB para 2006 em 3,8%. Mas condiciona o número à aceleração da queda dos juros.

Este ano, serão apenas oito reuniões do Copom. Por isso, muitos analistas consideraram que o BC não acelerou a redução dos juros ao promover corte de 0,75 ponto percentual em janeiro, contra 0,5 ponto no último encontro de 2005. Refletindo estas incertezas, os contratos de juros futuros registraram leve queda na BM&F.