Título: Mercado imune à ressaca
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2006, Economia & Negócios, p. A17

Em dias de carnaval, a indústria de analgésicos, antiácidos, isotônicos e água mineral fatura milhões para acompanhar o ritmo do folião durante e depois das festas, quando os sintomas da ressaca, fruto do consumo alcoólico exagerado, surtem efeito. As vendas destes itens chegam a registrar alta de 40% na semana de folia. Nas redes farmacêuticas, os medicamentos isentos de prescrição médica representam cerca de 20% do faturamento.

De acordo com Aurélio Saez, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria me Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), há uma alta na fabricação de remédios como Sal de Frutas e Engov, da ordem de 10% a 15% para atender a demanda do carnaval. Segundo dados do setor, analgésicos e antiácidos movimentam cerca de US$ 34 milhões durante a festa.

Os remédios que podem ser comprados sem receita representam 30% da indústria farmacêutica, que movimenta anualmente US$ 6 bi. Os analgésicos representam cerca de 12% desse total e os antiácidos, outros 6%, somando mais de US$ 1 bilhão.

- O faturamento aumenta no carnaval. Mais indivíduos necessitam dos medicamentos porque a maioria está ingerindo bebida alcoólica. A alta na produção não é maior que 15% e a demanda maior no período é absorvida pelos estoques das fábricas - explica Aurélio Saez.

A rede Farmais obtém aumento de 40% nas vendas de itens para combater a acidez no estômago e dor de cabeça no mês de fevereiro.

- A procura pelos remédios cresce fortemente antes e depois das festas. Por isso, orientamos os pontos de venda para se prepararem para o aumento na demanda. Ninguém quer ficar de ressaca no carnaval - diz Murilo Marcacini, gerente de negócios da Farmais.

Países europeus já criaram remédios específicos. Na França, o Security Feel Better elimina o álcool do sangue mais rapidamente do que o normal. O mote da campanha é o fim da ressaca em poucas horas. O país, no entanto, está dividido. Médicos consideram o medicamento nocivo à saúde e um incentivo ao alcoolismo.