Título: Garotinho e Rigotto se unem
Autor: Josie Jeronimo
Fonte: Jornal do Brasil, 28/02/2006, País, p. A3

Rivais no plano eleitoral, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho e o governador licenciado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto decidiram unir forças contra um inimigo maior: a cúpula do PMDB. Os dois pré-candidatos peemedebistas se encontraram ontem no Palácio das Laranjeiras para buscar uma contra-estratégia para frear as intenções dos caciques do partido de se unir ao projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como antecipou o Jornal do Brasil, o petista articula, juntamente com o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), recurso judicial para dar fim às prévias que escolheriam o candidato da legenda para disputar o Palácio do Planalto por meio de intervenção judicial.

Rigotto veio ao Rio a convite do governo do estado e da prefeitura para assistir aos desfiles do carnaval carioca. Durante a madrugada de segunda-feira esteve no Sambódromo, mas não se encontrou com o casal Garotinho. A governadora e o marido foram embora cinco minutos antes da chegada de Rigotto. Antes disso, Garotinho e Rosinha receberam, à portas fechadas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Os três conversaram sobre as prévias do PMDB.

Menos de três horas depois Rigotto já estava na residência oficial do governo fluminense reunido com Garotinho. Durante o café da manhã, os pré-candidatos fecharam acordo de ajuda mútua contra a manobra da cúpula do partido para cancelar as prévias marcadas para 19 de março. No encontro, eles combinaram que o vencedor das prévias terá o apoio do vencido.

- A base do partido não admite manobras deste gênero. Ninguém conseguirá vencer a vontade da maioria do partido no tapetão - disse o governador licenciado, referindo-se à possibilidade do partido acabar com as prévias apoiado no argumento da falta de legitimidade, caso a consulta não alcance a participação do número mínimo de filiados.

Acuados pela ofensiva dos caciques peemedebistas, Garotinho e Rigotto vão recorrer aos filiados para manter as prévias.

- Não acredito que dê frutos a tentativa de boicote que alguns vêm tentando fazer - afirmou Garotinho.

Além de recorrer ao ''tapetão'' para entregar a legenda para a candidatura de Lula, os pré-candidatos apontam outras duas frentes de boicote articuladas pelos caciques. Como a data limite para inscrição à pré-candidatura é dia 10 de março, os líderes podem incentivar a participação de novos nomes e complicar a disputa. Outra possibilidade seria o esvaziamento das votações. Rigotto e Garotinho avaliam que a manobra jurídica poderia ser a mais eficaz, mas também a que mais fere a imagem do partido.

- Resta o caminho jurídico, mas entrar com liminar contra a realização das prévias traria um desgaste enorme para essas pessoas que tentassem ganhar no tapetão - disse o governador licenciado.

O argumento contrário à consulta é de que o voto dos filiados é não é ''legítimo'', porque, nos estados com maior número de filiados, as prévias foram rejeitadas. Mas, de acordo com Garotinho 90% dos 22 mil eleitores do PMDB nas prévias estão em estados que apóiam a consulta. Como exemplo citou Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

- Não existe a mínima possibilidade de o PMDB ser vice de ninguém. O partido é uma locomotiva. Tem que comandar o processo e não ser um vagãozinho - afirmou Rigotto que logo depois da reunião viajou para Salvador.