Título: Alckmin mantém a candidatura à Presidência
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2006, País, p. A4

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, manteve ontem a pré-candidatura à Presidência da República pelo PSDB. Apesar da intenção dele, a cúpula tucana e partidos aliados, como o PFL, preferem o prefeito paulistano, José Serra. Ao contrário de Alckmin, que já marcou data para entregar o cargo - dia 31 - Serra ainda não declarou publicamente se está disposto a abandonar a Prefeitura de São Paulo para disputar as eleições de outubro com o provável candidato petista à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas. Alheio ao silêncio de Serra, Alckmin manteve o discurso de pré-candidato.

- Coloquei meu nome à disposição do partido e estou muito animado - disse. O governador negou que esteja incomodado com o processo de escolha do candidato tucano. - Cumpri todas as instâncias partidárias. Estou tranqüilo. Agora a decisão é do partido.

O prazo máximo para a escolha do candidato do partido é o dia 10. Já na segunda-feira, a cúpula tucana vai se reunir em São Paulo na comemoração do quinto aniversário de morte do ex-governador Mário Covas.

Alckmin, entretanto, negou que tenha marcado encontro com integrantes da cúpula tucana para este fim de semana. Hoje, ele estará entregando obras em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. E amanhã Alckmin participa da cerimônia de construção do novo campus da Unicamp em Limeira.

O governador manteve também o tom elevado das críticas à política do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Seguindo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que chamou o programa Bolsa Família de assistencialista, Alckmin reclamou da política social do governo.

- Inclusão social não é possível sem emprego, renda e educação - argumentou.

Ontem, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defendeu o secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, que criticou a política econômica do governo Lula, dizendo que é preciso rever os ''juros altos'' porque o Brasil tem sido um ''paraíso financeiro''.

No dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se valer da memória do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) como exemplo a ser seguido, Alckmin classificou o presidente como o ''anti-Juscelino''.

Alckmin referia-se à entrevista concedida por Lula ao semanário inglês The Economist na qual afirma que não tem pressa ''de fazer a economia decolar imediatamente''.

- É o anti-Juscelino. Tudo o que o Brasil precisa é pressa para tirar o atraso, para diminuir a pobreza, para fazer inclusão social - disse Alckmin.

- O que falta ao governo é exatamente esse sentimento de urgência das coisas