Título: Palocci: ''Vou ao PT com prazer''
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2004, O país, p. A5

Ministro da Fazenda aceita convite do Diretório Nacional do partido para defender a linha econômica adotada por Lula

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, aceitou ontem o desafio e vai debater a política econômica com o PT. Um documento aprovado pelo partido na reunião do Diretório Nacional da legenda, realizado no último final de semana, pediu a redução da taxa de juros e convidou o ministro da Fazenda a defender a linha econômica adotada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

- Vou ao PT com o maior prazer - garantiu, sorrindo, antes da recepção ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Palocci conseguiu amenizar o tom do documento aprovado pelo Diretório Nacional petista. Oito ministros estavam presentes ao encontro, mas o comandante da economia brasileira alegou compromissos profissionais e não compareceu. A resolução do diretório petista cobrou um aumento real do salário mínimo em 2005, redução das taxas de juros e a conclusão da reforma tributária.

Exigiu ainda um pacote de ações para beneficiar a classe média. O Jornal do Brasil, em sua edição de domingo, antecipou que o governo estuda a implantação de algumas destas medidas, como a correção da tabela do IR e a redução de imposto sobre automóveis.

Os petistas também defendem um recuo da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), uma das bandeiras do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Carlos Lessa, demitido na última quinta-feira.

Em relação às eleições deste ano, o partido apontou fortalecimento do governo federal após o pleito e isentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas derrotas em grandes capitais.

- O crescimento do PT (nas eleições municipais), do ponto de vista político, expressa também uma vitória e o fortalecimento do governo Lula - diz o texto, aprovado por 34 votos contra 22 da esquerda da sigla.

Em outro trecho, afirma que ''o governo Lula exerceu uma influência equilibrada e positiva sobre o eleitorado''.

Em entrevista ao site do PT, o presidente nacional do partido, José Genoino (SP), afirma que não há intenção de causar constrangimento ao governo na cobrança em relação à política econômica feita na resolução do diretório nacional, no fim de semana passado.

- O PT não reivindica mais influência na política econômica. O que definimos foram prioridades, como desenvolvimento com emprego e renda, modernização da infra-estrutura, queda na taxa de juros e continuidade dos programas sociais - garantiu.

Apesar das queixas de setores petistas, principalmente da esquerda, Genoino garante que não há insatisfação na legenda. Segundo ele, a sigla entende que precisa compartilhar seu espaço com outras legendas da base governamental.