Título: Acordo com a Índia desmoraliza tratado
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2006, Internacional, p. A13

O presidente George Bush, encerrou ontem sua bem-sucedida visita à Índia afirmando que as relações com o país ''nunca foram tão boas'' e que ''não há limite'' para as conquistas que ambos os países poderão alcançar. Bush considerou o país um ''exemplo de democracia que soube combinar o respeito à tradição com os valores da liberdade'' e voltou a falar do acordo nuclear alcançado.

Pelo termo, a Índia se comprometeu a separar claramente seus programas nucleares civis e militares e pôr o primeiro sob controle internacional, o que não acontecia até agora pelo fato de o país não ser signatário do Tratado de Não-Proliferação (TNP).

Em troca, os EUA prometeram obter o sinal verde de seu Congresso e da comunidade internacional para que a Índia possa ter acesso à tecnologia atômica estrangeira pela primeira vez em 30 anos.

A reação européia à parceria, no entanto, foi de crítica. Analistas consideraram que o TNP deveria ser modificado ou, até mesmo, revogado depois da assinatura do acordo entre EUA, um dos maiores defensores do tratado internacional, e a Índia, um país que até hoje se recusou a aderir ao documento.

A imprensa citou o custo estratégico do acordo: a desconfiança sobretudo de países como a China, o Paquistão e o Irã. Classificou, ainda, o tratado bilateral como uma infração às regras do Direito Internacional, que possibilitaria à Índia, o desenvolvimento de ogivas nucleares.

O presidente se comprometeu, ainda, com medidas para aumentar o fluxo comercial bilateral e abrir o mercado indiano - com 300 milhões de pessoas na classe média - aos produtos americanos. Em seu discurso no Purana Qila, uma antiga fortificação indiana, Bush ressaltou o papel da Índia na luta contra o terrorismo, e garantiu que o crescimento econômico do país abre ''novas oportunidades'' de negócio para os EUA.