Título: TSE reembaralha as cartas para sucessão no DF
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2006, Brasília, p. D3

A manutenção da verticalização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) muda o cenário eleitoral no Distrito Federal. A decisão dificulta a costura política dos partidos da base do governador Joaquim Roriz (PMDB). Com a possibilidade de se coligarem em plano nacional, PFL e PSDB correm o risco de não obter o seu apoio na campanha em Brasília. As alianças no DF dependem das coligações feitas pelos partidos em plano nacional. Em todas as unidades da Federação, elas não podem ser diferentes das traçadas para as eleições federais.

No PFL, o senador Paulo Octávio e o deputado José Roberto Arruda disputam o apoio do governador. Como a verticalização foi mantida, o apoio de Roriz fica mais distante, já que, em plano nacional, o PFL ensaia aliança com o PSDB e o PMDB faz carreira solo..

Arruda preferiu não comentar a decisão do TSE:

- Não quero fazer especulações porque o STF ainda vai julgar. O que vai valer no final das contas é a decisão da Corte. Mas o meu desejo é que a verticalização caia. Eu gostaria que, dentro da composição, o governador Roriz revisse a posição de permanecer no governo.

O senador Paulo Octávio está em viagem fora do País e informou à sua assessoria de imprensa que a decisão do TSE vai contra a vontade política do Congresso Nacional. A queda da verticalização foi aprovada pelo Poder Legislativo em janeiro. A decisão do TSE, segundo afirmou o senador, vai dificultar as coligações estaduais.

A vice-governadora, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), também tende a ficar sem o apoio de Roriz. A ela caberia uma possível aliança com o PFL. Abadia afirmou que pretende aguardar as definições dos partidos em plano nacional.

- Não sabemos se o PMDB terá candidato próprio à Presidência. Penso que até 30 de março as decisões estarão mais claras - disse Abadia.

De acordo com a avaliação da vice-governadora, a manutenção da verticalização afasta o desejo de Roriz de formar uma chapa única para o Buriti.

- Se a verticalização tivesse caído seria melhor para o governador porque ele poderia fazer uma grande aliança dos partidos aliados - avaliou Abadia.

Correligionário do governador, o secretário da Agência de Infra-estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli, acredita que a manutenção da verticalização fortalece os partidos e as candidaturas próprias. Mas não é positiva para os aliados do governador.

- No DF, a decisão traz a divisão que é desejada pelos nossos adversários e coloca em dificuldades as perspectivas da coligação ampla que se desejava. Só espero que cada um tenha juízo - disse o secretário.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Maurício Corrêa, pré-candidato ao Buriti pelo PMDB, havia previsto que o tribunal eleitoral não aprovaria a queda da verticalização. Como espera o apoio de Roriz para a sua candidatura, Corrêa preferiu não comentar o tema.

- O governador está refletindo sobre o assunto e eu prefiro não falar nada antes dele - disse.

Até o fechamento desta edição Roriz não se pronunciou. A assessoria do governador informou que ele estava em sua fazenda, onde passa o fim de semana.