Título: Mais perto do grau de investimento
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/03/2006, Economia & Negócios, p. A17

O último dia de carnaval trouxe mais uma boa notícia para os indicadores econômicos brasileiros. Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor's elevou o rating de longo prazo em moeda estrangeira do país, que pulou de ''BB-'' para ''BB''. O anúncio deixou o Brasil a apenas dois níveis do grau de investimento, patamar destinado às nações com poucas chances de optar por um calote nas dívidas.

O avanço se estendeu à nota de longo prazo em moeda local, que pulou de ''BB'' para ''BB+''. O rating de curto prazo para moeda local e estrangeira foi afirmado em ''B''. A S&P elevou ainda o rating soberano na sua Escala Nacional Brasil, de brAA para brAA+.

''A elevação dos ratings reflete uma melhora continuada e significativa nos indicadores externos do Brasil, assim como a perspectiva de uma consistente redução na vulnerabilidade da dívida pública brasileira, principalmente no que diz respeito às oscilações na taxa de juros'', declarou em nota a analista de crédito da Standard & Poor's, Lisa Schineller.

A analista ressaltou ainda a importância das recentes ações do governo brasileiro, que aumentou as reservas internacionais ''em um ritmo mais forte que o esperado'' para antecipar o pagamento de dívidas e evitar desembolsos com juros. Além disso, a dívida atrelada ao dólar foi zerada, o que ''reforça a diminuição das vulnerabilidades externas''.

Entre o fim do ano passado e as primeiras semanas de 2006, o Ministério da Fazenda anunciou o cancelamento antecipado dos débitos com o Fundo Monetário Internacional (US$ 15,5 bilhões), com o Clube de Paris (US$ 2,6 bilhões) e dos chamados bradies (US$ 6,6 bilhões), títulos que substituíram papéis da moratória da década de 80.

A Standard & Poor's ressaltou ainda que o cenário da economia brasileira é muito tranqüilo quando comparado com os de outros anos eleitorais. Durante a crise de confiança de 2002, provocada pela perspectiva da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, a dívida atrelada ao câmbio chegou a representar 40% dos débitos do país, enquanto o dólar, hoje flertando com o patamar de R$ 2,10, atingiu o pico de R$ 4.

Apesar de ser o segundo aumento em menos de dois anos, o rating do Brasil ainda é equivalente ao de países latino-americanos como Colômbia, Peru e Panamá. A nota brasileira ainda está muito atrás de vizinhos como Chile (A) e abaixo de México (BBB) e El Salvador (BB+).

O rating também passa a ter perspectiva estável, o que desagradou parte dos analistas de mercado, que esperavam que a nota continuasse com o viés de alta que a acompanhava desde novembro do ano passado. Apesar da nota elevada, o risco Brasil, que mede a vulnerabilidade da dívida, subia ontem 2,79%, para 221 pontos. Mesmo assim, a expectativa é de uma resposta positiva, hoje, na reabertura dos mercados nacionais.

Com agências