Título: Eleições alimentam debate
Autor: Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 05/03/2006, Economia & Negócios, p. A17

O debate em torno do crescimento econômico ganhou tamanha força nos últimos anos que, para especialistas, será tema crucial na campanha presidencial que se aproxima.

- Em 2002, o povo votou nisso e não entregaram o que prometeram. Agora, os políticos serão cobrados. Não tenho dúvidas de que este será o grande tema econômico das eleições deste ano - prevê o economista Paulo Nogueira Batista Júnior, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

O economista é enfático ao afirmar que no Brasil não há restrições para o país crescer a 5%, 6% ao longo de muitos anos.

- Não existe nada de fundamental que impeça o Brasil de crescer. Há capacidade ociosa por agora e não adianta querer enfrentar os gargalos antes. As empresas não vão investir com um horizonte de crescimento da demanda em dois ou três anos. O ano de 2005 cortou o impulso que havia em 2004. É importante que todos comecem a crer que a economia vai crescer. Não se pode temer o crescimento - opina.

O economista do Instituto de Economia Aplicada (Ipea), Fábio Giambiagi, também não poupa críticas:

- O crescimento medíocre é fruto de um modelo medíocre, que espelha bem uma espécie de idiossincrasia que temos no Brasil, em que se valoriza certos tipos de política que não dão bom resultado. Destinar mais dinheiro para quem não trabalha é incorreto - avalia, referindo-se aos ganhos de aposentados em comparação com trabalhadores em idade ativa. - Enquanto todo o mundo está preocupado em gerar riquezas, estamos preocupados com a distribuição.