Título: País tem forte potencial
Autor: Bruno Agostini
Fonte: Jornal do Brasil, 05/03/2006, Economia & Negócios, p. A20

Ao representativo e variado time de eventos somam-se diversas celebrações regionais, como a Festa da Uva, que realiza-se sempre nos anos pares, na cidade gaúcha de Caxias do Sul e termina no próximo dia 5, e a Fenavinho, em Bento Gonçalves, que reveza-se com a festa caxiense, acontecendo sempre nos anos ímpares, também no início do ano, a época da colheita.

Engordam o calendário uma série de eventos mais voltados aos consumidores, como palestras, degustações e refeições harmonizadas. O Rio de Janeiro recebe no próximo mês o World Wine Experience, uma dessas feiras de apresentação de produtos, que trará mais de 50 vinícolas de Portugal, França, Espanha, Itália, Argentina e Chile, entre outros países, que promoverão degustações de 300 rótulos distintos - além de várias palestras com renomados vinicultores e críticos estrangeiros. São esperadas mil pessoas em cada um dos três dias (dois em São Paulo, um no Rio), que irão desembolsar entre R$ 140 e R$ 200 pelo ingresso - que dá direito às várias degustações.

- Na Europa essas feiras são muito comuns há tempos. Por aqui é que são, de certa forma, uma novidade ainda. A estimativa é que iremos gerar negócios de US$ 4 milhões. Porque um empresário que goste do produto torna-se fiel a ele e compra de nós muito tempo - acredita Celso La Pastina, da World Wine - que organiza o evento bienal pela quarta vez -, animado com as perspectivas do mercado interno.

- Há 15 anos o Brasil importava 1,5 milhão de caixas de vinho por ano. Hoje são 4 milhões. O aumento foi espantoso. E temos um imenso potencial pela frente ainda. Mas o consumo do vinho exige certo conhecimento. E esses eventos também servem para formar um público consumidor - observa.

Mas no Brasil, comparado com grandes consumidores, o mercado ainda engatinha, abrindo possibilidade de constante crescimento por muitos anos.

- Ao contrário do que as pessoas pensam, o consumo de vinhos não cresceu no Brasil nos últimos anos. Continuam sendo apenas 3 litros por pessoa ao ano. O que aconteceu é que melhorou a qualidade e o grau de exigência. Vinhos melhores são encontrados nas nossas prateleiras. Mas falta muito mercado a se conquistar ainda. Na Argentina, por exemplo, o consumo é de 30 litros per capita ao ano. Na França e na Itália, chega a 60 - analisa o dono da importadora de vinhos Impexco, Luiz Eduardo de Carvalho.

E a participação de empresas do setor não se restringe a eventos enológicos. Congressos de cardiologia, por exemplo, fazem parte do campo de atuação das vinícolas, sustentadas por pesquisas científicas que atrelam o consumo (moderado, naturalmente) da bebida à saúde e ao bem-estar.