Título: Bush promete mais verbas
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2004, Internacional, p. A8

Presidente promete a Uribe pedir ao Congresso apoio ao programa antidrogas

O presidente americano, George Bush, em visita relâmpago à Colômbia ontem, se comprometeu com o presidente e aliado Alvaro Uribe a pedir ao Congresso americano que renove o apoio ao Plano Colômbia, que combate as drogas e as guerrilhas do país sul-americano.

A primeira fase do plano será concluída em 2005 e até agora não se sabia ao certo se Bush daria continuidade ao financiamento - que já soma US$ 3 bilhões desde 2000 -, principalmente devido ao alto déficit orçamentário dos EUA, que supera os US$ 400 bilhões.

- Senhor presidente, o seu governo não nos decepcionou, o Plano Colômbia goza de amplo apoio bipartidário e pedirei a renovação desse apoio, para que esta corajosa nação possa ganhar a guerra contra o narcotráfico - afirmou Bush, sem mencionar valores, na entrevista coletiva que deu junto com Uribe em Cartagena.

Sob sol forte, os dois chefes de Estado responderam a apenas quatro perguntas durante a entrevista, da qual participaram 160 jornalistas. O presidente americano, que desembarcou do avião presidencial Air Force One acompanhado da primeira-dama, Laura Bush, passou apenas 4h no país, após participar do Fórum de Cooperação da Ásia-Pacífico (Apec), que se encerrou no Chile.

Em declarações, Bush considerou Uribe um amigo e feroz opositor do terrorismo e elogiou os avanços obtidos pelo presidente colombiano na luta contra a violência.

- Compartilhamos, eu e o presidente Uribe, de um otimismo básico: esta guerra contra o narcoterrorismo pode, deve e será ganha e a Colômbia está bem encaminhada rumo a essa vitória - disse.

Por outro lado, o chefe de Estado colombiano prometeu lutar até que seu país esteja ''livre''.

- Não podemos interromper o trabalho pela metade. Vamos vencer, mas ainda não ganhamos. Fizemos progressos, mas a serpente ainda está viva - ressaltou.

O governo vem combatendo as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) e grupos paramilitares, como o Auto-defesas Unidas da Colômbia (AUC), que ontem desmobilizou 280 combatentes. Mas o interesse de Bush na guerra civil colombiana tem um motivo claro: o país produz 90% da cocaína e 50% da heroína consumidos nos Estados Unidos.

Na breve visita, que incluiu um almoço na Casa de Hóspedes Ilustres, os dois líderes também discutiram sobre o Tratado de Livre-Comércio andino, que inclui a Colômbia, o Peru e o Equador. O acordo deve ser concluído até meados de janeiro.

Sobre o assunto, Uribe disse esperar que se chegue a acordo que seja justo para o setor agrícola da região e para as pequenas empresas.

A visita do presidente americano foi marcada por um forte esquema de segurança, que contou com 15 mil homens. Helicópteros militares, com soldados armados a postos, acompanharam por ar a comitiva de Bush até o palácio presidencial, enquanto embarcações da Marinha faziam a vigilância marítima. Muitos comércios não abriram suas portas.

Antes do final do ano, o Congresso colombiano deve aprovar uma emenda constitucional permitindo que o popular presidente concorra a segundo mandato em 2006. Se ganhar, o que as pesquisas sugerem que acontecerá, a próxima aliança com Bush continuaria.