Título: Prisão, torturas e enganos
Autor: Leandro Mazzini
Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2006, País, p. A4

Militante em 1969 do grupo guerrilheiro Var-Palmares, a geógrafa Vânia Abrantes tem um infeliz histórico de passagens por celas da polícia. Ela ficou presa ''durante 89 dias e 17 horas'', segundo conta, e depois dois anos em celas diversas na cidade, nas quais foi torturada. Seu processo ainda não foi julgado pela Comissão Especial de Reparação. Vânia guarda caixa de documentos que provam sua prisão, uma triste necessidade para o seu currículo. - Saí da prisão em dezembro de 1971. Fui reintegrada ao emprego, com base na Lei da Anistia, no Instituto Nacional de Reforma Agrária - lembra.

Por ironia do destino o terror do período obscuro que viveu assombrou-a em dezembro de 2004, numa demonstração da falha do sistema de dados que ronda os arquivos da polícia. Vânia deu queixa sobre perda de talão de cheques na 12ª DP (Copacabana), onde foi informada de um mandado de prisão contra ela, expedido na década de 70. Mesmo anistiada, seu nome aparecia no sistema. Ficou presa por 26 horas e dormiu na cela, até os delegados descobrirem o mal-entendido. Além de processar o governo estadual nesse caso, ela cobra agilidade no caso da reparação.