Título: A esquerda e a violência
Autor: Ubiratan Iorio
Fonte: Jornal do Brasil, 06/03/2006, Outras Opiniões, p. A13

A afirmação do filósofo Olavo de Carvalho, em seu artigo da última quinta-feira aqui no JB, de que o crescimento do banditismo e da violência insuportável que assola as grandes cidades e o campo guarda forte correlação com a ascensão de governos - locais e, agora, em nível nacional - de esquerda é uma constatação tão irrefutável que nem mil estratagemas ''politicamente corretos'' podem desalojar a verdade que contém.

É evidente que a causa da violência urbana e rural, bem como da proliferação de toda a sorte de vícios, é o relativismo moral, que o papa Bento XVI, logo no início de seu pontificado, apontou como o grande mal do mundo de hoje. Quando esse relativismo - endossado e incentivado pelas esquerdas -, em que a culpa por crimes, de roubos de galinhas a assassinatos, passando por seqüestros, invasões de terras, estupros e outras monstruosidades, é solertemente desviada de seus autores reais para entes abstratos e impalpáveis, como ''pobreza'', ''má distribuição de renda'', ''capitalismo'' ou ''neoliberalismo'', é usado para o objetivo doentio de implantação do modelo socialista, chega-se ao lastimável estado em que se encontra a segurança pública.

Sempre fez parte da estratégia ''esquerdopata'' para impor o ''outro mundo possível'' a desagregação da sociedade, haja vista a semeadura do ódio que seus mentores e pretensos ''intelectuais'' lançam diariamente, de negros contra brancos, homens contra mulheres, heterossexuais contra homossexuais, ''elites'' contra ''povo'', bem sucedidos contra os que não tiveram igualdade de oportunidades; de há muito integra seu torpe jogo a defesa do aborto, a título de ''libertação'' da mulher; há décadas alinha seu abominável arsenal a execração da Europa e dos Estados Unidos e a defesa de narcotraficantes e terroristas internacionais. Sim, tudo isto e muito mais consta de seu repertório, em que os fins execráveis de instalar na América Latina cópias da desmoronada União Soviética ou da patética Cuba justificam quaisquer meios, mesmo que entre estes esteja o de acobertar ou, até mesmo, o de incrementar a violência, para desmontar a coesão social, moral e econômica e, assim, permitir ao partido no poder a oportunidade de estabelecer a ''redenção'' - que prefiro chamar de servidão - ao Estado. Até o ex-presidente Fernando Henrique, um esquerdista hoje moderado, na mesma entrevista que lhe valeu um processo, por ter declarado que ''a ética do PT é roubar'', não deixou de afirmar que ''eles não fazem isto por mal, mas porque acreditam que é o melhor para o país''... Como? Não fazem por mal? Então, o que seria o ''mal''?

No Rio, até os paralelepípedos das ruas mais remotas sabem que tudo começou no primeiro governo de Brizola, com aquela história - capaz de render muitos votos - de ''polícia cidadã'' e, desde então, já que os governos que se lhe seguiram emanaram quase todos da mesma fonte, o problema não fez senão crescer, sempre com o apoio da mídia, que prefere criticar a violência e a corrupção policial e acobertar bandidos do que tratar a coisa como deve ser tratada. Para princípio de conversa, ''polícia cidadã'' é um mero pleonasmo, útil para enganar trouxas que são incapazes de pensar. Polícia é polícia, existe para combater o crime, ou não? Imaginem um coronel da PM, ao invadir um presídio em rebelião, ou ao tentar interromper um assalto, dirigindo-se aos bandidos nestes termos: ''Senhores meliantes, gostaria de pedir-lhes o obséquio de deporem as armas e entregar-se''... Mamma mia, até a maluquice tem limites!

Em nível federal, o PT nada mais fez do que repetir seu discurso velho, esfarrapado e mentiroso de apontar causas ''sociais'' para justificar e deixar de combater com coragem o crime, para desespero da maioria dos cidadãos - da favela e do asfalto - que vivem apavorados e engaiolados, prisioneiros do medo. Cadê os presídios que prometeu construir? De que tem servido a tal Força de Segurança Nacional? Onde está o reforço no aparelhamento e na inteligência das polícias? Por que abrandaram as penas sobre crimes hediondos? Será que em suas cabeças todos os pobres são criminosos ou possuem um salvo-conduto ''social'' para um dia virem a sê-lo? É o cúmulo da falta de senso que membros e ex-membros deste governo ainda ousem pronunciar-se sobre segurança pública! Os cidadãos honestos precisam votar dando um basta a esta prestidigitação do ''social''!