Título: Bush passa por crise
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/03/2006, Internacional, p. A14

O presidente dos Estados Unidos, George Bush, enfrenta uma forte oposição em várias frentes internas ao voltar do giro sem precedentes ao Sul da Ásia. Os resultados nas pesquisas de opinião pública estão no nível mais baixo desde que chegou ao poder e o acordo nuclear que negociou com a Índia enfrenta forte oposição no Congresso.

A tormenta desatada pela tardia reação do governo Bush diante da ameaça do furacão Katrina voltou à tona, a guerra do Iraque piorou para as forças dos Estados Unidos. Além disso, o Congresso se opôs a um acordo que permite que uma companhia controlada pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, a Dubai Ports World, administre seis grandes portos dos EUA.

O governo Bush está numa situação lamentável, de acordo com muitos analistas. Sua popularidade é agora mais baixa que a do presidente Richard Nixon pouco antes da renúncia por causa do escândalo de Watergate, em 1974.

Pesquisa de opinião recente da rede de noticias CBS mostra que só 34% dos americanos aprovam o desempenho do presidente americano. Outras duas pesquisas deram ao mandatário uma popularidade de 38% e 39%. Segundo dados da rede de TV Fox, 81% dos americanos temem que o conflito no Iraque vire uma guerra civil.

Preocupa os líderes do Partido Republicano, o fato de o apoio dentro das próprias fileiras estar se reduzindo.

Bush ainda não havia abandonado a Índia quando numerosos parlamentares se alinharam para barrar o pacto nuclear com o primeiro-ministro do país, Manmohan Singh. O acordo suspende as restrições dos Estados Unidos sobre o intercâmbio de tecnologia nuclear civil com a Índia - um país que se recusa a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear - e coloca 14 dos 22 reatores nucleares indianos sob salvaguardas internacionais.

- Com um simples movimento, o presidente abriu um buraco nas regras nucleares que todo o mundo se obriga a seguir - criticou o democrata Edward Markey, co-presidente do Grupo de Trabalho bipartidário para a Não-Proliferação.