Título: Lula: sem mudanças na economia
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2006, País, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, durante visita oficial à Inglaterra, que esteja planejando mudanças na política econômica, devido à insatisfação com os números do crescimento divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antes do carnaval.

- O atual governo não brinca com a economia, não existe mágica - afirmou no discurso de encerramento do Seminário de Economia e Relações Comerciais entre Brasil e Grã-Bretanha, de acordo com informações da BBC Brasil.

Ontem, o Jornal do Brasil revelou que o presidente, irritado com a expansão de apenas 2,3% do Produto Interno Bruto no ano passado, vem cobrando do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mais agilidade na redução das taxas de juros. Inconformado com a política de gradualismo adotada pelo BC na queda da taxa básica (Selic), Lula discute com Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, um plano alternativo para a economia, para um possível segundo mandato.

Falando a mais de cem empresários, Lula tentou transmitir a idéia de que investir no Brasil é seguro e que as eleições não mudarão os rumos da economia.

- Em um ano de eleições como este, é a sociedade brasileira que exige um crescimento sustentável. Estamos no novo ciclo de desenvolvimento econômico e social. Este processo veio para ficar. Registramos a menor inflação dos últimos oito anos, recuperamos reservas internacionais, registramos o menor risco-país da história, coroando com o pagamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) - comentou.

No segundo dia da visita de Estado ao Reino Unido, o presidente conheceu a exposição Tropicália - movimento cultural brasileiro do fim da década de 1960 - no Centro Cultural Barbican. Lula aproveitou a visita para pedir que os empresários ingleses dêem mais atenção ao Brasil. Segundo o presidente, o Reino Unido investiu muito na infra-estrutura do Brasil no século 19, mas depois se esqueceu do país.

- Acho que o Reino Unido se apaixonou por outra região e deixou a América do Sul e a América Latina de lado - disse para uma platéia de brasileiros e ingleses.

Ao lado do ministro da Cultura, Gilberto Gil, um dos principais representantes da Tropicália, o presidente disse que o movimento confrontou ''o clima de intolerância e repressão'' que assolava o país durante o regime militar. E destacou que o Tropicália é uma influência para outras gerações, como o grupo Afroreggae, que se apresentou no início deste mês na capital inglesa.

Depois do discurso, Lula visitou a exposição composta por obras de artes plásticas, música, fotos e livros produzidos na época.

No momento em que Lula posava para a foto oficial, o ministro Gilberto Gil tocou violão e cantou a música Soy Loco por ti America. O presidente assistiu, junto com a primeira-dama, Marisa Letícia, à apresentação da cantora baiana Adma Gamen.

Os ministros Fernando Haddad (Educação), Celso Amorim (Relações Exteriores), Matilde Ribeiro (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial) também visitaram a mostra. A exposição fica na capital inglesa até maio.