Título: Ipea prevê expansão menor que Palocci
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2006, Economia & Negócios, p. A17

O otimismo que varre o governo sobre o desempenho da economia brasileira em 2006 parece não ter alcançado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento. De Londres, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, sustentam que a economia brasileira crescerá 4% neste ano, em uma perspectiva ''nada otimista'', nas palavras do ministro. A previsão do Ipea, no entanto, é de que a expansão fique nos 3,4%. Integrantes do governo defendem a tese de que 2006 será um repeteco do que houve em 2004, quando a economia cresceu 4,9%. Para o economista Fábio Giambiagi, do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, a expansão pífia de 2005 (2,3%) e o baixo resultado no último trimestre do ano passado explicam por que o ''crescimento está mais perto de 3,5%''.

- O ano de 2003 teve crescimento baixo, mas o segundo semestre foi de recuperação, o que influenciou o crescimento de 2004. Neste ano, a economia poderia ter dinamismo similar ao de 2004, mas esse efeito do ano anterior é menor - explica.

Mas, quase parafraseando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em entrevista à revista britânica The Economist disse que ''não tem pressa para crescer'', Giambagi prega olhar de longo prazo.

- Óbvio que o governo e todos gostariam de um crescimento maior este ano. Mas não é importante saber se crescerá 3,4% ou 3,9%, mas se vamos chegar às eleições em situação favorável para que uma expansão de 4% seja piso a partir de então.