Título: Delegado acusa Palocci
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 10/03/2006, País, p. A4

O delegado seccional da Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP), Benedito Antônio Valencise, disse à CPI dos Bingos que ''é evidente'' a participação do ministro Antonio Palocci em fraudes em serviços de limpeza urbana durante sua segunda gestão à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto (2001-2002). Segundo o delegado, ''um conjunto de provas'' indica que Palocci e seu vice e sucessor, Gilberto Maggioni (PT), ''davam as ordens'' para que funcionários adulterassem planilhas de medição dos serviços prestados pela empresa de limpeza urbana Leão Leão - doadora de campanha eleitoral de Palocci.

As fraudes na prefeitura teriam gerado um prejuízo de R$ 400 mil mensais entre 2001 e 2004 (ou um total de R$ 17,2 milhões), valor a ser conferido pela perícia.

- Em relação à responsabilidade dos prefeitos, é evidente a participação tanto do primeiro prefeito (Palocci) quanto do segundo prefeito (Maggioni), tendo em vista que se trata de um esquema muito grande. Não é possível que apenas funcionários subalternos tenham participado - disse Valencise.

Segundo o relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), uma acusação contra Palocci sobre irregularidades na prefeitura poderá ser incluída no relatório final. Ainda que outros senadores e a equipe técnica tenham de ser ouvidos também.

A adulteração nas planilhas foi confirmada por dez funcionários da prefeitura pelo menos, acrescentou Valencise. Três disseram seguir ordens da então superintendente do Daerp (departamento de limpeza urbana), Isabel Bordini - mulher de Donizeti Rosa, atual diretor do serviço de processamento de dados do governo Lula, em Brasília, e homem de confiança de Palocci.

Em depoimento à CPI, Palocci fez no mês de janeiro uma defesa contundente de Bordini. Ontem, Valencise caracterizou-a como mera operadora do prefeito. O delegado baseia-se principalmente no mais recente depoimento de Rogério Buratti, feita em 4 de fevereiro.

- Segundo o inquérito, a ordem vinha do prefeito. Era um acordo feito entre ele e o proprietário da Leão Leão.