Título: Invasão de luxo é derrubada
Autor: Leandro Bisa
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2004, Brasilia, p. D3

Piscina, quiosque e churrasqueira na margem de córrego

O que parecia um sonho virou pesadelo. Um casal de empresários comprou uma casa na Colônia Agrícola Samambaia, com um quintal de cerca de 2 mil m², onde existia uma piscina de 15m x 15m, um quiosque com churrasqueira e um salão de jogos, tudo cercado por mata nativa e na beira do córrego Samambaia. E pagou apenas R$ 170 mil, valor considerado baixo para a região. Entretanto, com exceção da casa, todas as demais benfeitorias estavam em Área de Proteção Permanente (APP) e, ontem, acabaram sendo esmagadas por um trator do Siv-Água. Os fiscais chegaram à invasão por meio de uma denúncia anônima. Mas está preparando uma série de operações a partir do próximo mês. A promessa é que invasões de luxo, como a retirada às margens do córrego Samambaia, sejam removidas do Lago Sul, Planaltina, Sobradinho e, principalmente, no Vicente Pires, a região onde mais construções existem próximas margens de cursos e nascentes de água.

Gilson Roberto de Abreu, gerente de planejamento e operações do Siv-Água, explicou que a legislação é bem clara ao determinar a proibição de qualquer construção a menos de 30 metros distante de margens de córregos e rios. Para edificar a piscina, o salão de jogos e a churrasqueira, a área em questão foi completamente desmatada. Restaram seis árvores, deixadas apenas para fazer sombra no belo quintal, todo recoberto de grama esmeralda.

Os atuais proprietários da casa, um empresário do ramo de futebol e a dona de uma clínica médica - que pediram ao Siv-Água para não terem seu nomes divulgados, pois isso atrapalharia seus negócios - se dizem enganados. Compraram a casa há pouco tempo e, logo após se mudarem, receberam notificação determinando a destruição das benfeitorias e a apresentação de um plano de recuperação da área.

A notificação foi dada no dia 27 de outubro. Mas como nada foi feito, uma retroescavadeira invadiu o quintal da casa ontem, derrubando tudo que via pela frente. Os donos da casa, amargurados pelo desfecho da vida que haviam sonhado, não quiseram ver a operação e saíram do local, dizendo que não vão se mudar.

Foi o construtor Rogério Pereira da Silva, 30 anos, quem vendeu a casa para o casal de empresários. Ele esteve na local enquanto os operários e demais funcionários do GDF desocupavam a área e também afirmou que foi enganado. Rogério contou que comprou a casa há um ano e meio de um vendedor de carros de Taguatinga e não chegou a fazer qualquer obra.

- Paguei R$ 180 mil na época e não sabia que tinha problemas. Tanto que vou ressarcir os atuais donos - afirmou Rogério.