Título: Pai é preso por estuprar a filha há quatro anos
Autor: Leandro Bisa
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2004, Brasília, p. D5

A babá Júlia Nunes Oliveira, 39 anos, disse que o seu ''mundo acabou'' ontem, às 11h, quando chegou em casa, uma chácara no Núcleo Rural Sobradinho dos Melos, e viu uma viatura da Polícia Civil estacionada na porta. Dentro do veículo, seu marido, o chacareiro João Barbosa Cavalcante, 42 anos, estava algemado. Ao perguntar aos policiais o que ocorria, a resposta foi: ''senhora, sua filha, a de 15 anos, denunciou seu marido por estupro''. A menina contou que vinha sendo molestada pelo pai desde os 11 anos, logo que ela e sua família chegaram no DF, vindos de Irecê (BA). O último abuso ocorreu no domingo, às 21h30. Chorando, a adolescente jogou algumas peças de roupa na mochila e procurou a vizinha. Essa, depois de muita insistência, conseguiu convencer a garota a contar o que acontecera. No dia seguinte, a vizinha denunciou João à polícia. Na 6ª DP (Paranoá), ele confessou o crime.

- Ele disse que gosta da menina como mulher, e não como filha - contou o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Yamamoto, acrescentando que o chacareiro ameaçava abandonar a menina, caso ela revelasse os abusos a alguém.

A garota não é filha legítima de Júlia. João a teve fora do casamento, quando a família ainda morava em Irecê. A babá, além de ter perdoado o marido pela traição, acolheu e criou a menina.

- Ela é minha filha sim. Está comigo desde que tinha 4 meses - disse a mulher.

Além da garota de 15 anos, João tem outros três filhos, todos com Júlia. São dois homens, de 23 e 14 anos, e uma mulher, de 20 anos - essa já casada.

João abusaca da filha mais nova nos finais de semana, enquanto sua esposa trabalhava.

- Eu passo a semana na chácara. Sexta-feira à tarde vou para o Plano, onde trabalho como babá, e só volto na segunda.

Quando confessou o crime, João também revelou que nunca usava camisinha, e que se aproveitava da menina à noite, quando os filhos já estavam dormindo. Ele foi indiciado por estupro qualificado e continuado, pois pratica o crime há quatro anos. Pode ser condenado a até 12 anos de prisão.