Título: Lula preferido entre pobres e ricos
Autor: Juliana Rocha e Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 13/03/2006, País, p. A4

A fórmula eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai além dos programas sociais voltados para a população de baixa renda. Isso é o que mostra o detalhamento das informações recolhidas pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa (IBPS), encomendada pelo JB. Segundo a pesquisa, o presidente conseguiu conciliar bem o binômio política social e política econômica dos juros altos. Assim, Lula contemplou todas as faixas de renda, agradando desde a classe A à E. Segundo o presidente do IBPS, o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, a uniformidade da intenção de votos favorece o presidente, pois eleitorado segmentado não é sinônimo de vitória. ¿ A liderança de Lula nos dois extremos da faixa de renda pode ser atribuída à fórmula política que alia frentes de ações sociais, a exemplo do Bolsa-família, às decisões no campo econômico, como as altas nas taxas de juros, com o favorecimento das classes abastadas ¿ afirmou o cientista.

No cenário em que o petista disputa com o prefeito José Serra (PSDB) e o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), Lula lidera as intenções de votos entre os eleitores com renda acima de R$ 6 mil (41,7%) e menor que R$ 300 (33,8%). O eleitorado de Serra nas classes A e D também se distribui uniformemente.

Em ascensão, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) ainda não decolou entre o eleitorado de baixa renda. O mesmo não acontece com Garotinho. O ex-governador não é sequer citado na pesquisa entre os eleitores que recebem acima de 20 salários mínimos. Mas obtém maior índice de votação entre os que recebem menos de R$ 300.

A popularidade de Lula nos extremos da faixa de renda repete-se na distribuição de votos pelos estados, exceto pela região Sul, onde o petista perde para Serra ¿ 28,1% a 39,6%. Porém, o Sudeste, revela a pesquisa, ainda é frágil nas convicções de voto. Em cenário com Alckmin, Lula perde 3,6% dos votos na região.

O cenário regional desponta como o grande filão para o governador tucano. Enquanto Lula mantém o celeiro eleitoral no Nordeste, onde alcança médias de 40% das intenções de votos, Alckmin conquista 50% do eleitorado paulistano contra 18,4% do petista. A região do presidente Lula pode ser de grande importância para o tucano. O Nordeste é a região em que Alckmin alcança os menores índices ¿ 10,7%. No entanto, os números de rejeição ao governador também são pequenos, 5,2% contra 13% de Serra.

¿ A maior fraqueza de Alckmin é o Nordeste. Se ele for escolhido candidato do PSDB, deverá reforçar a campanha na região ¿ disse o presidente do IBPS.