Título: Alternativa para o Brasil
Autor: Alexandre Farah
Fonte: Jornal do Brasil, 13/03/2006, Outras Opiniões, p. A11

O PMDB vai decidir democraticamente, no próximo dia 19, quem será o candidato do partido à Presidência da República. O ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, disputarão a preferência dos mais de 20 mil filiados com direito a voto nas prévias.

O vencedor sairá da disputa fortalecido pelo voto, pela escolha das bases, dos que levarão o nome do candidato e o projeto de governo a todos os municípios brasileiros. Pela primeira vez o PMDB poderá assumir de verdade o comando da nação e colocar em prática a sua proposta de desenvolvimento com justiça social.

Muito se tem falado que a ala governista do partido tentará inviabilizar as prévias ou, se não for possível, barrar na justiça o desejo da maioria dos peemedebistas. Isso não acontecerá. O PMDB terá candidato próprio, como ficou decidido em convenção nacional, como garante o presidente do partido, deputado federal Michel Temer.

A tradição peemedebista mostra que o partido é plural, jamais coibiu manifestações de suas várias tendências, mas a maioria sempre opta pela democracia, pela reafirmação do desejo de construir um país justo e soberano, sem o sentimento de vingança contra os que se opuseram às teses vitoriosas nas convenções.

Foi assim na época da ditadura. Enquanto em praticamente todos os estados brasileiros, o partido resistia aos militares, no Rio de Janeiro, o chaguismo, à época majoritário, esmagava a esquerda e funcionava como linha auxiliar do arbítrio. Não que os chaguistas fossem ideologicamente afinados com os ditadores de plantão. Eram simplesmente governistas, apoiavam quem estivesse no poder.

Com a redemocratização, o chaguismo foi banido da política brasileira. Mas o PMDB sequer cogitou de punir seus integrantes. Respeitou o direito deles de defenderem suas posições, minoritárias nacionalmente no partido. É mais ou menos o que está acontecendo agora.

Uma corrente governista, acreditando na possibilidade de reeleição do presidente Lula, defende que o PMDB dê o vice na chapa petista, que siga a reboque do PT, como se fosse um partido menor, uma legenda de aluguel. Os integrantes dessa ala não querem perder os cargos que obtiveram sabe-se lá como nesse governo marcado por denúncias de corrupção.

Quem primeiro se insurgiu contra a tese dos adesistas foi o ex-governador Garotinho, que se lançou candidato e montou equipe chefiada pelo economista Carlos Lessa, para elaborar programa de governo a ser apresentado ao eleitor durante a campanha. O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, abraçou essa causa.

Garotinho é apontado como franco favorito para vencer as prévias porque tem um projeto de nação a ser implantado no Brasil, com ênfase na diminuição da injustiça social, na valorização do homem no campo e na qualidade de vida nas grandes cidades.

Um projeto completamente diferente do que vem sufocando a população brasileira na última década, no qual em vez do homem os bancos são a prioridade, em vez do trabalhador os grandes empresários recebem tratamento especial do governo.

Está na hora de os peemedebistas de todas as correntes acabarem com essa discussão absurda e prestigiarem as prévias que escolherão o candidato a presidente. E que o escolhido tenha não só o apoio, mas o engajamento de todos os militantes e simpatizantes na campanha eleitoral.

Unido, o PMDB tem reais condições de chegar ao segundo turno e vencer as eleições, pois é o partido que apresentará uma proposta nova, com ênfase no bem estar do povo brasileiro e não nos lucros dos banqueiros e dos grandes empresários. Por sua história de lutas, por ser o maior partido brasileiro, pela qualidade de seus filiados, o PMDB tem obrigação de lançar candidato próprio a Presidência da República.