Título: Banco e imobiliária desembarcarão no país
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 13/03/2006, Economia, p. A19

Quarta geração de uma família que fez fortuna nos últimos 136 anos no inusitado - para nós - segmento de rolhas de cortiça, o empresário Américo Amorim foi o responsável pela diversificação, em 1965, dos negócios da família. Com a mesma habilidade com que discorre sobre as principais preocupações globais, o executivo de 72 anos multiplicou o já significativo patrimônio do grupo, dividido atualmente nos segmentos corticeiro, imobiliário, energético e de comércio exterior. Seus planos incluem o Brasil, no qual pretende desembarcar com o Banco Popular Español, que controla no vizinho ibérico, e com a Amorim Imobiliária.

Para tanto, o executivo diz ser necessário formar parcerias com empresários locais. Mas nega que qualquer conversa já esteja em curso. O candidato natural é o empresário José Ruas Vaz, sócio de Américo Amorim desde o início da década de 80 em um rol de negócios em São Paulo, que inclui participações em bancos, empresas de ônibus, fábricas de carrocerias de ônibus e concessionárias de automóveis. Na área financeira, a sociedade abrange uma participação na holandesa TopBreach B.V, que controla 6,16% do capital do Banco Popular Espanhol.

- O Brasil é um continente. Não se pode viver em um mundo global sem ele - diz o executivo em seu escritório na vila de Mozelos, norte de Portugal. - Não há como se ignorar os países emergentes em um mundo marcado cada vez mais pela abertura.

Embora não goste de futebol, Amorim é o segundo maior acionista do Futebol Clube do Porto. Tal fatia lhe garantiu viabilizar um vistoso empreendimento do braço imobiliário do grupo: o complexo esportivo das Antas. Com a Amorim Imobiliária, o grupo iniciou a expansão internacional e adquiriu dois shoppings centers na Espanha. Hoje, também está na Polônia, República Tcheca e Eslováquia e é líder do setor em Portugal.

Mas foi com rolhas para garrafas de vinho e champanhe que a história toda começou. Produzida a partir de uma árvore conhecida como sobreira, a cortiça hoje ainda é usada em móveis, sapatos, pisos, revestimentos, juntas para motores e turbinas aeroespaciais. Portugal é responsável por 51% das 253 mil toneladas da cortiça fabricadas ao ano e por 31% dos 2,3 milhões de hectares de área plantada com sobreiras. - Tudo começou com essa árvore maravilhosa - desmancha-se Amorim.